Palavra Solta – folhas secas

Palavra Solta – folhas secas

*Rangel Alves da Costa

Tanta ventania. Quanta ventania. Pelo ar o sopro, o açoite, o redemoinho. E nos instantes de silêncio, apenas a saudade chegando como folhas secas. A saudade dói, e dói demais. Não há dor maior que a moldura de um corpo na mente, que o retrato de um sorriso na mente, que as paredes do coração tomadas de suas imagens. Amei seu sorriso, amei sua palavra, amei o seu toque, o seu calor, o seu abraço. Amei o seu sexo, amei o seu prazer, amei o seu gozo. Tudo amei. Mas como amar a saudade de toda moldura e de todo retrato? Eu que queria paz, que queria apenas tentar esquecer, eis que tenho de suportar essa ventania da saudade, essa voracidade do vento. E as folhas secas que entram pela janela da alma e se espalham como tapete de dor. E eu queria apenas viver. Já que não pude amar, eu só queria apenas viver.

Escritor

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