Cansaço
Hoje me bateu um cansaço. Um cansaço de amores mal resolvidos, de histórias mal contadas, de tanto eu te amo pela metade, de amizades tão rasas. O cansaço veio e o melhor que posso fazer é dizer: basta!
Quando querem nos conhecer por completo é porque querem nos aprisionar. Quanto mais alguém me conhece, mais aprisionado eu fico. Eu gosto de quem respeita minhas mudanças e de quem entende que eu nunca sou o mesmo o tempo todo: ninguém é.
A vida anda uma correria sem controle algum. Comprei até uma garrafa de água em que o Snoop está em cima da casa dele brincando de ser piloto de avião e há uma frase dizendo: nada está sob controle. E nada está… talvez nossas reações diante de determinadas situações. Talvez.
Vejo a quantidade de informações que nos são enfiadas goela abaixo. Todos estão com os olhos fincados num celular, tablet ou notebook, inclusive eu enquanto escrevo esse texto. Estamos todos conectados e as fronteiras do tempo e do espaço lentamente se dissolvem ao passo que nossa solidão aumenta.
Na correria do dia-a-dia as relações humanas vão se deteriorando e o tempo perde o significado, assim como os melhores sentimentos. Vivemos correndo atrás da felicidade e da plenitude enquanto deixamos de lado sorrisos, momentos, superações, abraços e gestos concretos de felicidade. Estamos a procura do que já temos, com exceção da plenitude. Não existe plenitude.
Somos seres em constante transformação. Estamos nos modificando momento após momento. O passado não existe mais, são apenas memórias. O futuro são expectativas projetadas pela nossa imaginação. E o presente não se pode medir ao certo porque ao estalar os dedos faço um instante e quase que imediatamente vira passado.
Estamos condenados a ser instantes durante toda nossa vida e é tudo isso que nós temos. O instante, o tempo correndo pela nossa imaginação. Nós somos o tempo.
E diante de todo esse universo de informações, de correrias, de amores mal vividos e histórias mal contadas, nesse meu instante aqui presente que logo vira passado é que sinto cansaço. A sensação que tenho é que se eu mudar e continuar mudando, e vou continuar mudando, vou perder muita gente. Será que eu não tenho mais o direito de estar cansado, entediado e principalmente de errar? Será que a vida é mesmo esse vai e vem de gente, esse rodízio de dores, de amores, de frustrações, decepções, alegrias, abraços e infortúnios?