Palavra Solta - nossos fingimentos
Palavra Solta - nossos fingimentos
*Rangel Alves da Costa
Não estamos bem a todo instante. Vivemos como num Eclesiastes desenfreado. Agora o sorriso e depois a tristeza, agora a paz e depois a angústia. Conhecer tais inevitabilidades ameniza muito, vez que já podemos nos preparar para o que possa acontecer. Contudo, sempre dói transformar o Eclesiastes e, por conveniência dos outros ou para o regozijo dos outros, mostrar-se somente com alegria, com sorrisos, em contentamento sem fim. Sabemos o que nos aflige, até queremos chorar, gritar, espernear, mas tudo passa a ser negado apenas pela aparência. Não demonstrar aos outros nossos sofrimentos e nossas angústias, torna-se dor ainda maior, pois uma voz interior que grita e uma voz exterior que silencia. Neste combate, entre o ser o fingir, o único perdedor é aquele que se deixa levar pelas aparências, que quer agradar os outros, e não vive consigo nem para si mesmo o seu fogo e o seu renascimento.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com