Palavra Solta - “empréstimo, dinheiro na hora...”

Palavra Solta - “empréstimo, dinheiro na hora...”

*Rangel Alves da Costa

Confesso que chego a entristecer ao caminhar pelo centro comercial de Aracaju, capital sergipana, e me deparar com tanto jovem exercendo um subemprego desesperançoso e até humilhante. Mocinhas e rapazes, de dezoito a vinte anos - e aos montes - fazendo panfletagem o dia inteiro de consultas de óculos, de empresas de empréstimos consignados, de lojas, de um monte de coisas. Em cada quarteirão nada menos que vinte em meio às pessoas e tentando que estas recebam um panfletinho ou ouçam suas vozes ecoando: “Empréstimo no cartão, dinheiro na hora...”. E tudo isso se repetindo e se repetindo, como se as palavras já saíssem automaticamente da boca. Quando ganha um jovem desse? Difícil saber, mas quase uma esmola para tanto esforço, o dia inteiro, debaixo do sol, da ventania ou da chuva. Ora, se o salário para o emprego do comércio já é aviltante, que se imagine uma mão de obra jovem, desempregada, sem oportunidade alguma de emprego, tentando a todo custo ganhar qualquer coisa. Certamente uma exploração, mas também uma humilhação interior difícil de ser digerida.

Escritor

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