Palavra Solta – Seu Salustiano (Seu Salú)

Palavra Solta – Seu Salustiano (Seu Salú)

*Rangel Alves da Costa

No último dia 02 de novembro, nas andanças por Santa Rosa do Ermírio, povoação de Poço Redondo no sertão sergipano, eu tive o prazer de chegar até a porteira de Seu Salú. Não o conhecia, mas que tão grata surpresa e proveito bom que a vida me trouxe naquele anoitecer. Seu Salú já vai se aproximando de uma estrada centenária, mas nem parece que já tenha idade assim avançada. A mente em perfeito estado de a tudo ouvir, a tudo entender, sobre tudo dialogar. Memória viva, acesa, atiçada, lembrando-se de cada detalhe do passado e mais além. Palavra na conformidade do proseado, sorriso quando há motivo de sorrir, feição mais fechada quando o assunto assim reclama. E o melhor de tudo: Um dos braços direito de José Francisco do Nascimento, o Zé de Julião, naquele famoso roubo às urnas na segunda eleição havida em Poço Redondo (03 de outubro do ano de 1958). Seu Salú estava presente, também galopou em tropel naquele acontecido, levando urna e fincando na estrada uma saga sem igual. Ele sabe de tudo, de tudo e muito mais. E prometeu-me contar tudim, tim-tim por tim-tim, desvendando mistérios e segredos que ainda rondam - e até assombram - aquele episódio e suas trágicas consequências. Por isso mesmo retornarei, e na mesa grande sentarei sem pressa, apenas ouvindo e ouvindo, e certamente com o maior interesse do mundo, a sabedoria lúcida e verdadeira de Seu Salustiano.

Escritor

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