LIVRE PENSAR, LIVRE ESCREVER

Como livre pensador, já escrevi artigos, livros, crônicas, contos, pareceres, ensaios e poesias. Da família que porta o sobrenome Conceição, não sou destaque, ainda que, no meu livre escrever, tenha produzido alguma coisa boa, se me permitem a audácia. Como já li muito, estudei, acumulei experiências de vida e a memória me ajuda, algo de proveitoso pode eventualmente resultar de tudo isto, além do gosto enorme de compartilhar textos. Tenho a pretensão de contribuir aos amigos, a título de serviço público pós-aposentadoria. Sei que jamais agradarei a todos e me conformo com a indiferença. Apesar de que meu chão, atualmente, seja a crônica, inclusive narrando muitas histórias que a memória ajuda a descrever e reproduzir, já fiz poesias no passado e vou republicar uma delas de 1979/1980, que consta no meu livreto "Poesias", de 1981, edição privada.

VERTIGEM

Quero lançar-me em teu corpo

Para sentir a vertigem

De morrer glorificado

Com teu veneno de virgem. .

Quero-te assim pura e crua

Para amar de qualquer jeito

Beijar-te à esquina, na rua,

Sufocando-te em meu peito.

Quero-te em sonho ao relento

Esvoaçante e altaneira

Cabelos soltos ao vento

Qual da noite feiticeira.

Quero teu olho selvagem

Cravado no meu anseio

Eu quero a tua coragem

Desnudando meu enleio.

Quero roubar-te um momento

Num arroubo de malícia

E transformar meu tormento

Numa explosão de carícia.

Serei sábio como amigo

Mesmo brutal na paixão

Eu serei meigo contigo

Possuindo-te à exaustão.

Pagarei por tal loucura

Serei o apoio mais terno

Mas no teu corpo a aventura

Arderá como no inferno.

Sugando teu morno seio

Haurindo a seiva da vida

Eu te amarei sem receio

Ferozmente e sem medida.

E após a minha partida

Se a lembrança fustigar

Eu não voltarei, querida,

Pois a sina é procurar

Outra casta e doce virgem

Para em seu corpo tentar

A doida morte em vertigem.