“ESSE SIM”, “ESSE NÃO”: O EXERCÍCIO DA EXCLUSÃO NA ESCOLHA POLÍTICA

“ESSE SIM”, “ESSE NÃO”: O EXERCÍCIO DA EXCLUSÃO NA ESCOLHA POLÍTICA

*Rangel Alves da Costa

Lembram-se daquela brincadeirinha de outros tempos, quando a criança colocava diante de si alguns objetos e ia dizendo “esse sim, esse não”, “esse eu quero, esse não”, “esse é meu, esse não”? E ia separando o que queria do que não queria. Pois bem, a mesma brincadeira pode muito bem ser usada no jogo da política municipal, na escolha de seus representantes, seja candidato a vereador ou a prefeito.

Certamente que serviria também para outras situações, para escolha de candidatos a governador, senador, deputado e até presidente. Bastaria ir juntando e separando pela exclusão, ou pelo exercício do “esse sim” e “esse não”. Acaso houvesse alguma dúvida, bastaria fechar os olhos e dizer: “meu pai mandou escolher esse aqui”. Ora, daria no mesmo, vez que tanta escolha nem sempre produz bom resultado. Não por culpa de quem escolhe.

No caso da escolha em âmbito municipal, a seletividade, além de se pautar pela seriedade e comprometimento com o que de melhor deseja para o futuro do seu rincão, tem de ser pessoal ou publicamente justificada. Não basta dizer “esse sim” ou “esse não”, tem de saber ou comprovar o que motiva o querer e o não querer.

No caso de candidatos já com mandato a escolha ou a rejeição se torna mais fácil. O vereador foi eleito para fazer política pessoal ou para atuar em nome da população? “Esse sim”, “esse não”. Tal vereador merece ser reeleito? “Esse sim”, “esse não”. O que esse vereador já fez merece ser respeitado pela população?. “Esse sim”, “esse não”. Esse vereador possui caráter, é honesto e atua de modo independente? “Esse sim”, “esse não”. Esse vereador atuou na situação ou na oposição por conveniência financeira ou por que não abre mão de defender seus princípios e o melhor pra população? “Esse sim”, “esse não”.

Do mesmo modo deve ser feito com relação aos postulantes ao legislativo municipal. A comunidade eleitora, sempre responsável pelas escolhas, deve logo questionar: É apenas mais um ou é pessoa inteligente e que merece confiança? E então dizer “esse sim”, “esse não”. E daí, escolhendo seletivamente, será possível obter como uma filtragem, ou o que restou na peneira da exclusão, do “esse sim”, “esse não”. Como serão poucos - ou pouquíssimos - que passarão no teste da exclusão, então será muito mais fácil fazer a escolha e votar com a certeza de que não está arriscando nem jogando à própria sorte o legislativo municipal.

Com relação ao prefeito, sua escolha se torna mais fácil ainda. Acaso haja um candidato à reeleição, a primeira pergunta deve ser “esse deve continuar ou não?”. Contudo, como a resposta deve ser íntima ou publicamente justificada, a escolha só terá validade após alguns outros questionamentos: “O prefeito foi um administrador honesto, respeitador e cumpridor das promessas e compromissos?”, “O prefeito refletiu na sua gestão o que a população realmente esperava dele?”, “O prefeito foi um ‘prefeito municipal, de todos’, ou apenas de apadrinhados, apoiadores e determinados grupos políticos?”. Ou simplesmente ter a certeza de que “o prefeito deve continuar porque não há outro que possa ser melhor que ele”.

Uma vez feita tal filtragem, então será fácil dizer “esse sim”, “outro não”. Ou apenas “esse mais nunca!”. Constatando-se que o prefeito candidato deva continuar, ainda assim deve-se observar que existem outros candidatos que precisam ser avaliados, de modo a permitir a mera confirmação ou encontrar qualidades que permitam mudanças no voto. “Esse candidato é melhor, mais honesto e mais compromissado que o outro?”. Então, “esse sim”, “esse não”. E havendo a opção pelo novo, ainda assim as indagações: “Qual o diferencial desse candidato em relação aos demais?”. “Esse candidato é mais honesto que o outro?”. “Posso realmente confiar neste candidato?”.

E assim, num contexto municipal, deve ser feito com relação a todos os candidatos a prefeito e a vereador, seja de partido “a”, “b” ou “c”. Os mesmos questionamentos devem ser feitos se os pleiteantes já ocuparam o legislativo ou o executivo municipal. “Pelo que fez, vale a pena retornar?”. “Foi um bom prefeito, foi um bom vereador?”. E peneirando se vai até separar o bom do ruim, o joio do trigo.

Todo o exposto apenas para demonstrar que as paixões políticas ou as cegueiras no voto, geralmente estão a serviço de más escolhas. Como se trata do futuro da municipalidade, toda escolha deve ser comedida, responsável, pensada e repensada. E sempre sabendo separar: “Esse sim”, “esse não”. E sem esquecer que as questões pessoais, ou seja, as escolhas feitas apenas por retribuições de favores prestados ou de valores pagos são imensamente menos importantes que o futuro do município. É pensando no futuro e na capacidade e compromisso do candidato que a escolha deve ser declarada.

Contudo, se na peneira do “esse sim” e “esse não” der apenas “esse não”, então não haverá outra coisa a fazer: vote não!

Escritor

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