A HISTÓRIA QUE JOÃOZINHO CONTOU...

Joãozinho, sempre interessado por arte, musica, dança poesia e literatura, ganha de presente uns 420 livros. Obaaa! Levarei para a secretaria de educação, tenho certeza que eles vão adorar a ideia, de ter livros para compor a biblioteca da minha cidade. Feliz, ele Entrega cinco caixas abarrotadas de livros, revistas, textos, enfim...

A pessoa que recebe, agradece com um sorriso tão largo que o fez acreditar que ela daria sim, um aconchego aos livros e que estes seriam de grande proveito. E ele sai satisfeito como se ganhasse um troféu exibindo risos ao vento e ao dia que começara com uma bela ação.

Três Meses depois e cheio de muita alegria, Joãozinho prepara mais três caixas abarrotadas de títulos diversos e se dirige ao mesmo local de antes, para entrega de mais livros. Todavia, pra sua decepção e tristeza, ao ser recebido pela mesma pessoa responsável pelo setor, ele tem a maior surpresa da sua vida ao ouvi-la falar: Aquelas caixas que você trouxe da outra vez, eu ainda nem sequer tive tempo de arrumar.

Um balde de água fria, (Ou melhor) um iceberg de ignorância foi jogado na cara de Joãozinho, e a pessoa, (Totalmente despreparada para receber aquele doador de livros), percebe que o seu semblante desaba, mas para ela, é indiferente, afinal eram apenas livros que ele queria doar para a biblioteca da cidade.

Joãozinho olha pra ela (Com uma nítida pena) e numa fração de segundos imagina três palavras cabíveis para aquele exato momento: PEROLAS AOS PORCOS.

Educada e pacientemente despede-se, e sai carregando o peso daqueles volumes, tentando imaginar o que aquela pessoa fazia naquela repartição publica enquanto fazia uma avaliação do seu empenho á frente dos trabalhos por ela conduzidos.

Cabisbaixo pela decepção e visivelmente triste com seu semblante caído, encontra-se com um poeta na rua, e faz a narrativa sem omitir uma letra, mas o tom na voz era de descompasso de compreensão pela recepção (Ou nítida decepção) que tivera.

Sem embargo de voz, o poeta (Que já conhece o despreparo de algumas engrenagens da máquina administrativa) olha em seus olhos e diz: “SE AVECHE NÃO JOÃOZINHO, AS LETRAS NÃO PODEM MORRER, MESMO QUE ALGUNS TENTEM MATA-LAS. Não a culpe, pois a ignorância de alguns não pode sufocar os saberes de outros. Junte esse rico material, e leve-o para outro lugar, pois tenho certeza que será mais bem aproveitado”.

Joãozinho, agradecido como se levasse um banho de dignidade sorriu e percebeu a sabedoria que estava sendo apresentada para ele na condução dos dizeres do poeta. Olha as caixas, segura-as com um vigor incrível, agradece ao poeta, e segue no labutar com suas letras penduradas nas páginas de tantos livros, em busca de outras prateleiras que adotem os livros que ele carrega.

Carlos Silva

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 01/11/2019
Reeditado em 04/11/2019
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