"COJONES"

Ter “cojones” quando o sujeito está drogado, bêbado, desatinado no trânsito ou possui temperamento desequilibrado é só porcaria, não significa nada de bom. O triste mesmo é contemplar um novo tempo de acomodações, conveniências e silêncio, quando se trata de assumir posições mais vigorosas no campo das ideias, da moral, das lides agremiativas, da família, da comunidade, do judiciário ou da administração. Pois é aí que “a porca torce o rabo”, como diria minha mãe. Poucos arriscam posições e interesses, aliás, nem querem perder muito tempo com amigos: têm cônjuge, filhos, parentes, casa, novela e os “altos interesses do trabalho” para zelar. É a grande diferença entre os que avançam e fazem história e os que recuam, vacilam ou nem se abalam – movimentos e posturas, enfim, que ditam a evolução das sociedades. Da mulher e do homem. O “isto não é comigo” é um mal dos povos subdesenvolvidos ou de quem apenas almeja uma vida pachorrenta, “do jeito que Deus quer”. É um campo extraordinário para os espertos, espaçosos, malandros e autocráticos. Você pode ter um amigão do peito em posição privilegiada, mas se for um tipo “sin cojones”, é melhor esquecer qualquer apoio efetivo ou ajuda útil, se precisar, mesmo que em causa nobre. Ele nunca vai meter as caras. Infelizmente. Há muitas mulheres com “cojones” e fazem merecido sucesso. Ultimamente, até confio mais nelas. Se a posição for de muito destaque, no entanto, a coisa pode mudar um pouco. Não voto, há bom tempo, nem para concurso de Miss, em pessoa que não demonstra ter um mínimo de iniciativa, firmeza e vigor. Isto compensa defeitos: mais vale um nota 7 que decide do que um nota 9 que posa para a fotografia, leu Aristóteles no original, mas não chuta a gol. Como sempre, existem os que se acham completos e até enganam eventualmente. Conheço pessoas humildes, bastante simples, que deveriam integrar o alto comando do Estado e do País por sua obstinação de acertar e “cojones” para quaisquer desafios ou entreveros. Mas o sistema tem outra lógica, que é a dos “punhos de rendas” ou do “Vossa Excelência é soberbo”.