ECONOMIAS ÍNTIMAS

Pergunto-me porque libertas pérolas tão límpidas desses olhos, quando não vale a pena. Porque lágrimas tão sentidas em sua pureza, diante da injúria e do veneno de uma serpente que se traja de humana. Não desperdices pedras preciosas com répteis, pois eles as envolvem na lama, na palha seca e no pó. Nem dês flores a ratos, pois ratos nada sentem; são criaturas sombrias, do esgoto e dos monturos.

Jamais atribui tua vitalidade a quem é fatal, nem te largues nesse canto, pois teu lugar é no claro. Martirizar a tu´alma será dar prêmio ao perdedor; ao que nasceu marcado para sentir inveja. Será proporcionar ao medíocre uma dose de vingança contra tua grandeza, teu caráter, tua força de espírito e esse carisma que atrai amor, admiração, respeito e tantos outros sentimentos bonitos.

O que não se diz não se escuta, e lábios maledicentes falam sem dizer. Nenhum crédito é duradouro quando é dado ao bajulador, ao torpe, ao que busca proveito para si, por meios indignos. A palavra de quem mente, frauda e dissimula acaba caindo num poço cujo fundo é o nada, onde são consumidas. Como se consome quem vive para tornar o mundo pior para si mesmo, julgando que para os outros.

Deixa os porcos cuidarem da lavagem dos restos de vida alheia. Cuida bem dos valores que o teu cofre de afetos e outras virtudes guarda com tanto esmero. Sê quem és a qualquer custo, pois só a grandeza dessa decisão já faz de qualquer pessoa um ser humano especial. Tu és isso e muito mais, razão por que nada paga tua lágrima, teu desgosto e o desgaste íntimo, empalidecendo as cores que te compõem.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 02/10/2007
Código do texto: T677211
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