CEMITÉRIO DE ELEFANTES

A propósito da lenda do CEMITÉRIO DE ELEFANTES, capturei no Google o seguinte: "De acordo com estudiosos, quando os trombudos envelhecem, seus dentes ficam muito sensíveis e, assim, eles têm dificuldade de comer sua alimentação habitual, formada por arbustos, folhas e cascas de árvores. Por isso, é comum os animais mais velhos se deslocarem para regiões pantanosas, onde há abundância de água e as folhagens são mais macias. Invariavelmente, eles acabam ficando por lá até a morte." Não buscam um “santuário”.

Certa feita, meu chefe na empresa em que trabalhei por muitos anos, em múltiplas funções, colega amigo e atento a seus misteres, chamou-me para conversa particular. Falou-me das motivações da Diretoria em modernizar a instituição, dos novos tempos, da necessidade que tinha de contar com gente comprometida em ajudá-lo, ressalvando sempre que eu era parte importante desse estamento, mas que precisava de minha sala para uma remodelagem organizacional, pelo que eu deveria compartilhá-la. Concordei, é claro. Afinal, o chefe tem sempre razão. A perda do espaço físico - que me aconteceu algumas vezes - reflete certa realidade em matéria de importância estratégica.

Recordei-me, no caso, da aludida lenda, quando seria natural encaminhar a manada mais veterana ao "cemitério".

Dito e feito, nem bem me acostumara à nova sala compartilhada, meu chefe convida a mim, novamente, e à colega de convívio laboral e “geográfico”, para reunião em que volta a enaltecer nossa importância. Após várias considerações, pede-nos opinião sobre outra possível mudança, pois estava cogitando de fazer novas modificações e coisa e tal. Iríamos, claro, para uma área ensolarada, mais saudável e adequada, ainda que um pouco distante do nosso tradicional campo de ação. Beleza pura, não me importaria nem de ir para o porão, sem contrariedade mesmo.

Observe-se que se expressa, aqui, a visão estandardizada das empresas maiores: tipo sai da frente, que atrás vem gente. Se você começa a discrepar do padrão, refoge eventualmente aos ditames dos manuais será cobrado, direta ou indiretamente, já que “todos são iguais”. É da cultura das grandes corporações. Enfim, o lendário cemitério convoca invariavelmente os elefantes mais idosos ao doce repouso, com arbustos e folhagens macios e água em abundância para beber. Mas tem de produzir, porque é seu dever e também para evitar o olhar agudo da crítica, que não poupa nem gregos e nem troianos. E, sobretudo, abrir espaços.