Meu pequenino Lino... Meus queridos...

Lino veio pequenino, todo preto, sem nenhuma mancha.

Mistura de bassê com ... pinscher?!... acho que sim...

Reinava sozinho, no tempo em que o adotamos, minhas filhas, já mocinhas. Nós o educamos, o cuidamos, o amamos. E ela sabia ser muito dócil.

Lembro que adoeci muito, e acamada, em sofrimento, ás vezes

eu acordava, e Lino estava debaixo da minha cama, enrolado no

próprio corpo, ganindo baixinho... Estava sofrendo comigo!

Meu coração ele tocava! E mais carinho por ele eu sentia!

Porém chegou Thor: um pequenino dálmata, todo branco com

suas pintas pretas: uma graça! Lino deitava perto do pequeno

filhote, e ali ele ficava. Mas Thor foi crescendo, e pra quem não

conhece, os dálmatas são bem ativos, arteiros... pode ser um

cachorro perigoso, dependendo do modo em que for educado.

Camila, minha filha o ganhou de uma amiga.

Minha mãe então já morava comigo, coisa que aconteceu depois

que meu pai faleceu, em 2001. Ano do meu segundo casamento.

Casei em janeiro e meu pai faleceu em maio - acidente de moto..

Então Thor, já grandinho, começou a destruir calçados e os vasos

das plantas da minha mãe... Os dois brincavam juntos, mas era o

Thor, o dálmata, quem era o bagunceiro, o 'destruidor'... rs

E acabava que como minha mãe não tinha certeza quem tinha feito a arte, surrava os dois... Hummm... Lino não gostava disso...

E isso aconteceu durante um bom tempo... Então Lino se cansou!!!

Isso mesmo, Lino, meu pequenino bassê negro, desistiu... E começou

a fugir, sempre que o portão ficava aberto... E quando a gente

procurava, cadê o Lino? A gente procurava no bairro todo e....nada...

dali algumas horas, Lino voltava.... Algumas vezes ele fugiu junto com

o Thor: e nós agoniadas, procurando nossos queridos... Até achar! Nem vou contar, um verdadeiro drama...rs Mas quando Lino resolver partir,

começou mesmo a fugir sozinho: não levava o Thor... E demorados alguns dias, fugia novamente ... Foi assim durante várias fugidas... Numa delas ele voltou todo sujo de barro, molhado, cansado...

Fiquei de coração partido! Não estava entendendo o que acontecia...

Lino se escondia debaixo da minha cama... E não queria sair...

Avançava em quem quisesse tirá-lo dali... Creio que o medo das

surras... Eu até brigava com minha mãe... mas era só guerra...

uma tensão... então Lino foi saindo e a cada fugida, mais tempo

demorava para voltar... Até o dia em que...... Lino não voltou mais!

Buaaaáááá! Meu coração se partiu, mas eu o entendi, eu sabia

o porque de sua 'decisão"... não queria apanhar, não queria levar

a culpa junto com o arteiro do Thor...

Eu falava: - Cadê meu Lino? Aiii que saudades.... Eu fiquei triste!

Sentia falta do pequeno, aos pés da minha cama... Isso incomodava

minha mãe......... Então ela ia tirar ele de lá.... Cachorro tem que

ficar do lado de fora da casa..... Buaááááá......... Eu deixava, pra

não brigar... eu não estava nada bem pra brigar...

Lino se foi... E Thor continuou crescendo, e melhorando de atitudes... Hoje ele nos obedece apenas com uma voz mais forte, não precisa lhe relar o dedo: é muito inteligente e mesmo mais velho, ainda muito

brincalhão, nossas crianças gostam muito de brincar com ele.

Os galões de detergente de dois litros, jogamos no quintal e em

poucos dias está achatado... kkk ....

Um dia indo no bairro da Cohab, na feira de terça-feira, vi um cachorrinho preto, parecido com Lino, mas percebi que era mais velho... parecia perdido... Na ocasião só o olhei, correndo de ataques... Eu estava no meu carro, do outro lado da feira...

Então fui, no final de semana, à casa de minha filha, já casada, que mora em outra cidade. Camila ficou em casa, porque queria receber

uns amigos, mas com a vó, não dava... kkk... então eu deixei ela

ficar e fazer a festinha com seus amigos...

Fui no sábado. No domingo Camila me liga: - Mãe, eu acho que achei

o Lino.... Parece com ele... É todo preto igual... posso pegar ele, mãe?

Ele estava perdido lá na Cohab, as pessoas jogando pedra nele...

- Posso pegar ele mãe?...... - Sim Camila, pode!

Quando eu chegar ai a gente vê...

E chegou o Neguinho... Isso mesmo, foi esse o nome que ele ganhou

da gente. E ele rapidinho se identificou. Quando brigamos com ele

dando bronca chamamos ele de nego preto... é muita fofura...

e ama que eu passe meus pés nas costas gorduchas dele...

Pois é, Neguinho também é bassê! Vê se pode? E não era o Lino.

Lino era mais alto, menos perninhas tortas atrás, como as do Neguinho... Mas ambos totalmente pretos, sem nenhuma mancha

de outra cor...

Então Lino foi embora, mas outro anjinho de patas, uma doçura,

chegou. Doçura para nós, suas donas, não para o Thor: chegou

chegando, cheio de 'raça', ocupando seu espaço, enfrentando o

grandalhão alto e meio desengonçado, aos granidos de bravo...kkk

Demorou até que Neguinho deitasse ao lado de Thor. Sempre

desconfiado, deitava mais afastado. Lino e Thor sempre deitavam

juntos, um do lado do outro, Thor mais grandinho, já crescido e

arteiro... Tenho lindas fotos dos dois. Mas agora Neguinho está

já acostumado e bem, e não tem ninguém pra brigar com eles,

porque minha mãe foi morar com outra irmã minha... Ela que ficava

brava com as calçadas escorridas de xixi.... Xiii! Agora fazem

até na roda dos carros... E daí? Deixa, depois a gente joga uma

água... ou fica assim mesmo...

Lino, meu querido! eu sei que você encontrou um novo lar.

Sei que está bem. E sei que alguma providência viu a falta que

você me fez e me mandou o Neguinho para me consolar.

Graças te dou, meu bom Deus! Graças te dou!!!

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Inspiração advinda do Texto:

Os cães e nós, num mesmo mundo. (T6765481)

De: Robertson - 09/10/2019

Mui grata pelo tema que seu texto me trouxe!

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