Olá leitores, gostaria de fazer confissões a respeito da morte com vocês, pois de uma maneira ou de outra vi duas pessoas mortas esta semana.
A minha mãe, sempre sofreu com um casamento onde não encontrava a plena felicidade, teve seus cinco filhos, Duas meninas e três Meninos, hoje já estamos rodeando os 40 anos, eu sou o do meio desta prole.
Separada do meu pai ela depois de bater muito a cabeça, se acertou com um Senhor de idade bem avançada.
Ela se tornou uma cuidadora deste idoso, que era uma boa pessoa, e sempre cuidou dela, e vice e versa.

 
Nesta semana, tive uma triste notícia...
Na semana passada, fui visitar um irmão da minha igreja que se encontrava acamado, ficou dias internado, e voltou para a casa, problemas na prostata e um rim que acabou por falhar levaram este Senhor a ficar de um modo bastante debilitado na cama, chegou ao sofrimento de não querer ir fazer hemodialize, oitenta e quatro anos a vida digamos pede a conta de tanto sofrer. Estava este senhor, na cama, com uma senhora que o amava, esperando visitas, e chorando bastante.
Eu relembrei meus tempos de capelania (preciso voltar a fazer tal atividade altruista)

fui e fiz a leitura do Salmos 23 e disse a ele que ele foi na sua vida uma pessoa boa,
enquanto fazia esta leitura na sala muitos filhos conversavam, enfim, uma grande familia, todos pessoas de bem.
Fiquei depois assustado com a minha abordagem, estava praticamente entregando o Senhor a morte.
Enquanto isto o Senhor Antônio, marido da minha mãe, que teve a vinte dias atrás a perna amputada, devido ao diabete e a idade, estava digamos entregando os pontos, por conta do sofrimento que deve de ser um trauma destes, ainda mais depois dos 70 anos que era o caso dele.

Ambos estavam bastante abatidos e cansados de lutar contra a vida.
Na quinta feira dia 26 o Seu Antonio faleceu. Tive que ir correndo de tudo no velório, iria trabalhar das 7 as 16 horas, e nem vi a minha mãe, pois ela tinha ido dormir, estava exausta, os últimos dias de vida do Senhor Antonio a esgotaram bastante. No velório umas oito pessoas, quatro filhos e uma única irmã (ela me disse consternada, sou a última viva). Abracei todos que estavam lá, fiquei 10 minutos, correndo de tudo, pois não poderia ir no enterro que seria ás 15 horas.
No Sábado dia 28 foi a vez deste Senhor, quase visinho meu morrer, e fui eu visitar a viúva no velório. 
Falei para ela que senti algo bem estranho da minha parte na minha visita, que praticamente estava entregando-o para a morte com o meu discurso de Salmos 23, senti até um certo desconforto, todavia senti no meu coração de dizer a ele, que estava lucido, tudo que falei.

Vi-lhe em vida, quase indo a morte.
Pareceu me que a Morte era algo palpável ao olhar para aquele Senhor naquele dia, ainda com fôlego de vida, e o corpo todo em sangue devido a uma próstata que sangrava, só Deus mesmo para consola-lo naquele sofrimento.
No caixão, fiquei observar agora estático e sem vida, foi uma cena que me deixou perplexo.
Em cemitério evito ir, não gosto.
E ao Senhor que cuidava da minha mãe também, via serenidade no seu olhar. quando o vi no caixão.

Sei que existe muitas pessoas aposentadas no Recanto das Letras, e tal assunto é bastante eminente na vida de tais pessoas, sempre um se vai, dos entes queridos. É amigo... A vida é um ciclo.
Todavia, fico sempre pensando no legado que a gente deve de deixar aos nossos parentes e familiares, a gente viverá eternamente através dos nossos filhos, ou nos que nos rodeiam.
Daí entra a Bondade e a Misericórida que finaliza o Salmos 23.
Deixando a religião um pouco de lado de lado e focando na existência. A nossa existência precisa ser moldada, através de bondade, de não prejudicar o outro ser humano que nos rodeia, não tirar vantagem, não mentir, nem ser triste e amargurado, tudo isto enfeia a alma da pessoa, daí quem consegue chegar ao momento, que quase esta entregando-se. Precisa ter feito bem esta lição de casa que é a vida.
Quem consegue chegar no seu fim de carreira com esta premissa, terá a serenidade de estar disposto num caixão, sem vida, todavia, deixou a vida um belo presente a sua existência.
#Crônicasdeumvelhojovem
Waldryano
Enviado por Waldryano em 29/09/2019
Reeditado em 29/09/2019
Código do texto: T6756485
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