UM DESERTO DE PALAVRAS
Sou areia e sou pó, pois ao pó retornarei. Nada aqui pertence a mim, nem eu mesmo a mim pertenço.
Tenho cismas, e meus dogmas são diferentes de tudo aquilo que optam a me mostrar.
Não sou canga e nem ferrão, não oprimo e me redimo se em algo deslizei. Reconheço minhas falhas sou humano, esse ser feito do pó que ao pó retornará.
Meu caderno está em branco, preciso aprender reescrever minha história, evitar erros tropeços e trapaças que o destino me fez escrever em letras de ferro, marcando meu pisar incerto. Tudo de errado, o mau destino escreve em letras de ferro, mas as prováveis bondades são escritas na areia e o mar lambe para sempre, como se ali nada (em vez alguma), houvesse sido escrito.
Se o meu passo é firme, a direção é o prosseguir, e se por acaso eu vacilar, o que houver de bom, não vai querer me amparar, pois na queda, o mal se aproxima para nos condenar, todavia, é sábio não vacilar para que os pés não deslizem. Se um dia eu for bom, toda bondade me abraçará, mas se houver um desvio de conduta, quem me acolherá?
Eu sou um pergaminho que nalgum deserto um escriba esqueceu-se de recolher dos destroços causados pelo pó da areia que lhes cegara os olhos.
Minha sede termina aonde o veio do rio começa e se arrasta para bem longe até atingir o mar. O mar do saber e do aprender escrever em letras certas, as minhas futuras e tão cuidadosas histórias, onde em meio à escuridão, minha palavra será uma centelha que aos poucos irá iluminar meu entender para que outros possam transformar em luz, cada aprendizado desse incerto caminhar.
Entre a marreta e a bigorna, tem um ferro a ser moldado, e muitas vezes os açoites, nos servem de lição bem talhada, para tornarmo-nos uma peça admirável feita pelas mãos do verdadeiro arquiteto da vida: DEUS.