Minh’alma de sonhar-te anda perdida meus olhos andam cegos de te ver...

"Para Raimundo Fagner"

Que meu corpo seja santo, que minha língua seja verdade que meus dentes mordam o pó de tudo aquilo que sobrou de mim,

Estático, vejo a vida passar em câmera lenta e não consigo correr para tentar acompanhar o seu prosseguir.

Cortaram minhas asas, e me deixaram nu, sentado num ice Berg em pleno Alaska.

Meus sonhos, pensamentos, devaneios, desejos e vontades, foram congelados, petrifiquei minha razão de viver, e cuspi gelo na cara do mar bravio.

Tudo era branco, sem ao menos um ponto negro ser avistado, e de onde eu estava apenas o pó da neve escrevia em rosto o meu gélido sentir.

Sentir o sangue enrijecer nas veias e senti que já estava na hora de dizer adeus a alma, pois o corpo há muito jaz no esquecimento.

Minh’alma de sonhar-te andou perdida e meus olhos andaram cegos, ao imaginar como Fagner cantaria de novo essa canção.

Delirio. O que tinha Fagner a ver com o meu despedir da vida que ali estava para fazer companhia a minha ultima morada?

Quando se está partindo, os olhos pesam, a mente vaga, o corpo flutua em transe e os portões de algum lugar se abrem e você começa viajar em pensamentos avuantes, como se quisesse voltar a sentir o calor das montanhas de outrora.

Uma musica do passado, um cantor de outrora, uma harmonia bem apresentada não aquecerá jamais o teu momento de partir.

Minh’alma de sonhar-te anda perdida meus olhos andam cegos de te ver...

Carlos Silva

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 19/09/2019
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