Minh’alma de sonhar-te anda perdida meus olhos andam cegos de te ver...
"Para Raimundo Fagner"
Que meu corpo seja santo, que minha língua seja verdade que meus dentes mordam o pó de tudo aquilo que sobrou de mim,
Estático, vejo a vida passar em câmera lenta e não consigo correr para tentar acompanhar o seu prosseguir.
Cortaram minhas asas, e me deixaram nu, sentado num ice Berg em pleno Alaska.
Meus sonhos, pensamentos, devaneios, desejos e vontades, foram congelados, petrifiquei minha razão de viver, e cuspi gelo na cara do mar bravio.
Tudo era branco, sem ao menos um ponto negro ser avistado, e de onde eu estava apenas o pó da neve escrevia em rosto o meu gélido sentir.
Sentir o sangue enrijecer nas veias e senti que já estava na hora de dizer adeus a alma, pois o corpo há muito jaz no esquecimento.
Minh’alma de sonhar-te andou perdida e meus olhos andaram cegos, ao imaginar como Fagner cantaria de novo essa canção.
Delirio. O que tinha Fagner a ver com o meu despedir da vida que ali estava para fazer companhia a minha ultima morada?
Quando se está partindo, os olhos pesam, a mente vaga, o corpo flutua em transe e os portões de algum lugar se abrem e você começa viajar em pensamentos avuantes, como se quisesse voltar a sentir o calor das montanhas de outrora.
Uma musica do passado, um cantor de outrora, uma harmonia bem apresentada não aquecerá jamais o teu momento de partir.
Minh’alma de sonhar-te anda perdida meus olhos andam cegos de te ver...
Carlos Silva