Culpas ou medos?
É noite. Meus passos são solitários.
Meu pensamento fervilha, que até posso sentir o cérebro se mexer.
Seria a fusão de uma desfusão? O que de fato move o meu prosseguir?
Penso em Rosa, Tereza, Justina, Cremilda, Marisa, Sara, Maria. Seriam elas o entorse do meu juízo, estaria eu pagando pelas lembranças de algo que talvez eu tenha feito de errado com elas, por elas, ou para alguma delas?
Tive tantas mulheres e me perdi no meio delas, sem tê-las de fato comigo. Talvez nem de fato, nem tampouco de direito fui digno do olhar destas que tanto diziam me amar e que eu tanto desprezei pelas duvidas e medos que carregava.
A noite sussurra pecados, vontades em êxtase, como alucinógenos pra deixar-me num torpor, com o excesso de pensamentos vadios e vulgares, onde chego entrar numa casa de pouca luz, e ouço risos de mulheres. Isso me atrai. Entro, já sou agarrado por uma delas que cobram meu corpo por algumas moedas, ou cédulas sem valores pelo oficio que se oferecem.
Sim, elas são dignas de todo olhar respeitoso, e não as trato com desdém. Fazem parte do meu habitat, onde nelas, derramo meus medos, e engulo os meus pensamentos pois elas, nem querem saber quem sou.
Afinal, a quem interessaria saber?
Sou conduzido pelas suas mãos que apertam as minhas e posso ouvir a voz suave a me dizer: Não tenha culpas, ou medos, deixe-me te conduzir.
A noite se foi, o dia amanheceu e sem saber como, lá estou eu num banco de praça onde a solidão por certo, acompanhou-me por toda noite.
Carlos Silva