VAMOS FALAR DE SEXO?

Certamente meus pais devem ter feito comentários e observações genéricas, mas aprendi tudo sobre sexo no convívio com os amigos, a maioria um pouco mais velhos, lá em Encantado, por volta dos seis anos de idade. Ouvia histórias cabeludas e sempre fui ligado no assunto. Com meu filho, que nasceu em 1973, lembro que tive longa e específica conversa, quando tinha seis para sete anos. Um pai não tem nunca certeza se o filho está adequadamente preparado para os desafios da vida, especialmente em época de mais liberdade, exposição constante e desfrute com amigos de todas as idades, nos mais diferentes e abertos pontos da cidade. Tenho conversado sobre isto com meus dois filhos - a respeito dos três netos, um de sete e dois de seis anos de idade - e estou bem ciente de que os tempos mudaram, os pequenos hoje são mais protegidos, vigiados, com nem tantas oportunidades de confronto com a rudeza existencial. É até um paradoxo perante a exacerbação da liberdade e das propagandas midiáticas. Mas, realmente, são mais ingênuos, no geral. Quando conversei com o filho, eu fui fundo, falei sobre tudo e mais um pouco. A ex-esposa achou demais, mas o piá estava superinteressado, cheio de perguntas e, atualmente, sempre que tocamos no assunto, como em visita neste sábado à noite chuvoso, bem satisfeito com minha iniciativa à época. Já, com os netinhos, ele comentou que o papo seria muito avançado e demandaria mais tempo. Aí, já não é papel de avô. Creio que certas inflexões artísticas e midiáticas estão colocando, portanto, a carreta na frente dos bois. Fico imaginando a piazada que não tem suporte familiar. Este é um assunto que requer percepção e sensibilidade. A começar pelo próprio Papai Noel, que foram os amigos de rua a rasgar sua fantasia.