LÓGICA DE GOVERNO

Se você é miserável, ganha uma mixaria, com muitos filhos, te alcançam coisas tipo bolsa-família, que, ao menos, propicia plantar e comer mandioca. Para os que ganham salário-mínimo ou um pouco mais, investem em parques e espaços públicos para o lazer, mantendo-se a saúde e a educação naquele tradicional crescimento vegetativo, pois a verba é curta. O transporte público continua precário e a segurança é mínima para o desfrute adequado dos locais. Se você consegue evoluir um pouco mais e atingir um nível melhorzinho de renda, além dos impostos elevados que paga em tudo que adquire, o Imposto de Renda já se encarrega de tomar o extra, pois é preciso cobrir os gastos públicos realizados quando você ainda era paupérrimo. Mas segue o barco. Aí, você se mata estudando, trabalhando e passa a ganhar mais, até relativamente bem, pelo esforço e pelo tempo de trabalho. Então, o governo decreta que a imposição fiscal sobre os ganhos tem de ser maior, pois os que permaneceram atrás necessitam. O imposto de Renda torna-se seu sócio, ainda que não lhe dê saúde ou educação de qualidade, transporte, segurança e infra-estrutura. Agora, se você passa a ganhar muito bem, você está mesmo ferrado, já que a fatia do Fisco aumenta ou se criam novas ferramentas para devorar suas conquistas, drenadas que são para um enorme buraco negro. E, quando você está mais pra lá do que pra cá, inventam de fazer um novo bolo, suprimem direitos ou expectativas justas, mudam leis trabalhistas, previdenciárias e outras tantas – que demandariam realmente fortes correções – mas de um modo generalizado, fiscalista e abrupto. É quase um convite às novas gerações para que se dediquem à pesca e à caça como nossos nativos ancestrais. Os que possuem muito comprarão o peixe, a perdiz e a capivara - se ainda existirem. Mas, ainda assim, pagarão imposto.