COLIFORMES NOS "CONFORMES"

A família, certamente apreciadora ferrenha de um bom queijo-de-minas ficou estarrecida com a notícia: Uma reportagem persuasiva provara, "por a mais b", que todas as marcas de queijo-de-minas contêm fungos, bactérias, altos índices de coliformes fecais.

Em pouco tempo o noticiarista falava sozinho, enquanto a turma discutia danos causados à saúde por produtos manipulados com pouca higiene. Realmente o queijo-de-minas preocupa, concordavam todos, por ser processado nas fazendas, longe da rigidez de uma fiscalização adequada.

Foi ponto passivo o fato de que todos os apreciadores do produto correm sérios riscos: Uma verminose complicada, uma infecção intestinal, diversas outras doenças possíveis causadas pela ingestão de micróbios em gêneros alimentícios de qualquer natureza.

À medida que todos expunham sua consciência do perigo, eram disparados os Deus-me-livre, cruz-credo, valha-me Deus e diversas outras expressões que recheiam as conversas alarmadas. Foram cogitadas patologias que nem o possível Deus teria inventado, para os comedores de queijo.

Alta noite, o televisor solitário é desligado e a família se prepara para dormir. Talvez para sonhar com doenças causadas pelos fungos, bactérias e parasitas. Como todos estão famintos, pois a conversa durou horas, ninguém pretende "cair nos braços de morfeu" sem antes "beliscar" alguma coisa para "forrar" o estômago.

"Lá na mesa tem pães franceses", orienta a dona-de-casa. "Na geladeira tem queijo-de-minas; está fresquinho; comprei à tarde no seu Chico". Todos correm para a cozinha, mandando às favas o extenso vocabulário patológico originário das impurezas do queijo, que por sinal estava uma delícia.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 29/09/2007
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