Hoje Eu Morreria se Eu Morresse Amanhã
Se eu soubesse que amanhã a morte vir-me-ia buscar, que razões eu teria hoje para viver? Talvez eu morresse na véspera porque sua iminente visita já seria uma grande fatalidade. Quantos sonhos, amores e planos eu tenho guardado. Mas por fim, sem esperança, tudo estaria perdido.
Minha família e meus amigos, como sentiriam se eu partisse de repente? Se eu fosse mesmo amanhã, não me importaria mais as coisas do mundo. Minha ilusão de viver estaria acabada. Sei que a morte não é de gosto que se aceita. Mas, ao sentir o vazio do meu último dia, eu não conseguiria vivê-lo. Afinal, o que adiantaria contemplar o pôr-do-sol para depois adormecer eternamente e nunca mais testemunhar seu nascimento?
Contudo, se por acaso, eu ainda amanhecesse vivo, simplesmente porque a morte teria se atrasado, seria cedo, e eu não estaria salvo. Então, inquieto, no abismo do meu quarto, ouviria o gorjear dos pássaros e o tanger dos ventos. Nessa malgrada hora, eu abriria a janela e sentiria a brisa da manhã. Receberia do horizonte, os primeiros (meus últimos) raios de sol. Mas ainda contemplaria a beleza imorredoura das colinas verdejantes.
E mesmo assim, além do sol, nem a lua prateada e o céu estrelado conseguiriam adoçar minha amargura. Ainda que fosse manhã de primavera e houvesse um lindo jardim na minha porta eu não me sentiria feliz. Talvez, se borboletas coloridas e um colibri viessem beijar as flores perfumadas, furtariam meu último sorriso. Mas, nem todo amor do Universo, a vagar livremente em meu pensamento, conseguiria mais um breve segundo, e tudo seria consumado. A mansidão assolaria meu peito, eu receberia minha discreta visita e não sentiria mais nada.
Entretanto, se eu fosse um grande poeta, que, ao nascer para a vida eterna, inspirasse a mais cândida poesia, tudo estaria perfeito. E se eu soubesse então que meus poemas seriam imortais, ainda que assolado, eu morreria mais contente.
Minha família e meus amigos, como sentiriam se eu partisse de repente? Se eu fosse mesmo amanhã, não me importaria mais as coisas do mundo. Minha ilusão de viver estaria acabada. Sei que a morte não é de gosto que se aceita. Mas, ao sentir o vazio do meu último dia, eu não conseguiria vivê-lo. Afinal, o que adiantaria contemplar o pôr-do-sol para depois adormecer eternamente e nunca mais testemunhar seu nascimento?
Contudo, se por acaso, eu ainda amanhecesse vivo, simplesmente porque a morte teria se atrasado, seria cedo, e eu não estaria salvo. Então, inquieto, no abismo do meu quarto, ouviria o gorjear dos pássaros e o tanger dos ventos. Nessa malgrada hora, eu abriria a janela e sentiria a brisa da manhã. Receberia do horizonte, os primeiros (meus últimos) raios de sol. Mas ainda contemplaria a beleza imorredoura das colinas verdejantes.
E mesmo assim, além do sol, nem a lua prateada e o céu estrelado conseguiriam adoçar minha amargura. Ainda que fosse manhã de primavera e houvesse um lindo jardim na minha porta eu não me sentiria feliz. Talvez, se borboletas coloridas e um colibri viessem beijar as flores perfumadas, furtariam meu último sorriso. Mas, nem todo amor do Universo, a vagar livremente em meu pensamento, conseguiria mais um breve segundo, e tudo seria consumado. A mansidão assolaria meu peito, eu receberia minha discreta visita e não sentiria mais nada.
Entretanto, se eu fosse um grande poeta, que, ao nascer para a vida eterna, inspirasse a mais cândida poesia, tudo estaria perfeito. E se eu soubesse então que meus poemas seriam imortais, ainda que assolado, eu morreria mais contente.