Palavra Solta – no instante seguinte

Palavra Solta – no instante seguinte

*Rangel Alves da Costa

Plena razão com o Livro do Eclesiastes: tudo passa, tudo muda, tudo é passageiro. Uma verdade absoluta, porém preocupante. Não é bom ter a certeza de que depois da alegria virá a tristeza, não é fácil saber que depois do amor virá o desamor, não é fácil assimilar que depois do contentamento virá a preocupação. Na verdade, nenhuma situação se eterniza, nada é para sempre, mas o que mais assusta é a certeza de que a qualquer momento tudo poderá mudará. Com efeito, até tem gente que, por causa dessa medonha perspectiva, diminui a expressão da alegria, tudo faz para não sorrir como gostaria, procura sempre comedir ao máximo suas ações. Ora, o medo da tristeza, do sofrimento, da alegria. E o mais angustiante ainda é que tudo acontece de maneira mais repentina do que se possa imaginar. Agora assim, para no instante seguinte já estar tudo transformado. O que fazer, então? Acostumar? Ou simplesmente procurar alongar o máximo possível os instantes bons? Difícil saber. Viver na dúvida cruel entre o preto e o branco, entre o sol e a chuva. Ou simplesmente deixar tudo acontecer. Não sei. Não sei. Deixai o Eclesiastes dizer.

Escritor

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