UM DESPERTAR SINFÔNICO
O dia amanheceu sinfônico, pois um concerto eu pude ouvir da janela, mesmo sendo de vidro onde a acústica no quarto fica bem mais densa.
Todavia, a sonoridade invadia num som distante, porém, com perfeita audição, eu contemplava os gorjeios como a me despertar para um novo dia.
Os músicos e essa rica orquestra, era composta de vários nomes reunidos para num único instante, melodiar varias obras aos silvos tão finos e tão harmônicos, que somente um especialista em fauna poderia nomina-los sem muito trabalho, coisa que não era o meu caso.
Apesar de bom apreciador, contentava-me ouvi-los, mesmo sem saber discernir quem era o dono do pulmão mais forte para emitir aquele som repetidamente, sem errar o tom.
A natureza fala, mas o Homem não escuta (frases de uma musica de um cancioneiro popular), pois a todo instante somos convidados ouvi-la.
Seja através dos pássaros, seja através do vento, da chuva, das folhas, do riso duma criança, de um olhar de um idoso, enfim...
Quem nesse mundo não se contenta ouvir os pássaros logo cedinho exercendo seu oficio cantante, acordando junto com os primeiros instantes de um novo dia?
Eu sorria de felicidade, ao contemplar “as falas” dos pequenos seres que saltitavam e faziam voos rasantes para chamar minha atenção.
Acho que eles gostam de se exibir e serem observados. E lá estava eu, com a janela aberta assistindo (com toda privacidade que a natureza me proporcionara) o bailado simétrico, na cíclica ordem do expressar da vida, onde a liberdade enche os olhos de Deus de tanta felicidade.
Se eu, errado e errante ser humano, deliciava-me com essa visão contemplativa, imagina o Ser eterno que os criara!
Ao erguer os meus olhos para o outro lado do meu muro, fui abatido por uma tristeza profunda. O meu vizinho, (Alheio aos sentimentos de Deus e dos Homens) mantinha sob prisão um passarinho que pulava no minúsculo espaço, como se chamando os outros músicos para orquestrar lhe o viver e dividir com ele a liberdade de voar.
Ao fazer essa triste visualização, e com o coração em perfeita dor fecunda, a vontade que me deu foi de invadir o quintal do vizinho soltar (O musico solitário) quebrar a gaiola e vê-lo voar para compor aquele coral de minúsculas vidas que ao cantar, agigantam os olhos e o coração de Deus.
A todos, um dia cheio de liberdade
Carlos Silva