Apelo de um velho amigo
Apelo de um velho amigo
É preciso que me enxerguem! Eu estou por aí... Numa prateleira,
nas bancas de revistas, numa livraria, nas bibliotecas, no banco da praça, sou parte do relicário?
Aspirando a poeira da ignorância e exalando idéias amarelecidas no âmago de cada razão?
Às vezes o descaso me provoca refluxos de indignação e saio soluçando sílabas e rotando fragmentos de imaginação. Mas, quando um ser de carne e osso me toca, ele descobre que ainda velho, tenho muito para ensinar!
É preciso que me vejam! Que me queiram, conheçam o meu conteúdo mais interno, virem as páginas de minha historia e acreditem na minha fórmula!
Sou um poço inesgotável de informações! Sou um manancial de percepções, de concepções caras e raras que se eclodem como a larva de dentro do ovo!
Eu exalo soluções Exponho versos ensino canções...
Sou didático, sou teórico, sou prático,
Não páro, ainda que esquecido no canto do armário.Não canso, de ofertar o conhecimento a todo momento, basta você me tocar e sentir o meu valor!
A vida grita dentro de mim!E mostra verdades que não querem calar. Também sou arte e parte de uma ficção que outrora era sonho, mas hoje já pode ser verdade! Posso estar velho mas a minha identidade não tem idade e em silêncio dá explicação!
Preciso ser visto! Preciso ser lido e ser lembrado! Ser valorizado e não esquecido num canto de um arnario!
Não devo ser o sucesso que chegou depois, tarde demais! Nem mais papiros, ou pergaminhos abandonados em garrafas soltas ao mar... Pedaços de mim virando fragmentos apócrifos perdidos na arqueologia dos séculos... À espera de um.leitor!
Não quero ser petrificado para ser usado como homenagens em túmulos! Epitáfios e lápides, ou a base do busto de um escritor!
So desejo ser lido e jamais banido da essência do saber! A minha razão de ser te implora, são palavras que choram e clamam a dor da falta de conhecimento !A ignorância sobrepõe o meu valor! A minha oportunidade de ensinar a qualquer hora e qualquer humor.
Acreditem! O meu sucesso existe! Vejam quem tiver olhos para ver!
Ouçam quem tiver ouvidos para ouvir!
Leiam-me!
Eu estou por aí!!!
Por Valeria Gurgel