O FRACASSO SUBIU-LHE À CABEÇA
Falava, já faz algum tempo, com meu filho ao telefone, tarde da noite como sói acontecer, e, lá pelas tantas, ficamos relembrando algumas tentativas amorosas minhas - depois de separado e ele já adolescente - especialmente nos períodos de veraneio. Claro, as lembranças mais vivas e marcantes foram de algumas investidas que tive a ousadia de realizar e que redundaram em fracassos. Aí, comentei que pouco importavam os insucessos, orgulhava-me das iniciativas. Não lamentava os fracassos amorosos, que não foram escassos. Ele então arrematou: “É, os fracassos afetivos a gente não lamenta, porque não trouxeram problemas. Tu deves lamentar são os teus sucessos”. Rimos muito da grande verdade - livre de pensões alimentícias, desavenças e caroços habituais das relações entre homem e mulher. Aí, lembramos de uma frase que conhecido político e comentarista esportivo certa vez lançou a respeito de técnico de futebol cujo time vinha na descendente e ele sempre tranqüilo e otimista, rechaçando olimpicamente críticas. O comentarista em tela então lascou: “O fracasso subiu-lhe à cabeça”. A partir deste pensamento tão sutil quanto profundo é que se pode entender por qual razão certas pessoas nem tão bem sucedidas e independentes são às vezes amargas, mal-agradecidas ou agressivas: é a “vaidade” do constrangimento, uma loucura. O fracasso – seja lá o que signifique – freqüentemente sobe mesmo à cabeça de certos tipos. Mas, não custa lembrar, que, eventualmente, quando a gente perde, na verdade, a gente ganha.