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(Imagem do Google)

Essa tal maturidade...

 
Gosto dos relógios, sejam eles de pulso, de parede e os de bolso,  esses, atualmente desprestigiados pelos senhores, o que acho uma pena, pois quando perguntávamos as horas e eles eram retirados vagarosamente dos  bolsinhos bem feitos das calças compridas de linho, eram um verdadeiro charme.  Atualmente, de esguelha olho para o de Murano que fica na parede da sala de jantar, dou-lhes as costas e vou pra rede.
Relendo os clássicos, deleito-me com a vivacidade de Margarida ao olhar meigo e plácido de Eugênio,  do livo "O Seminarista" de Bernardo Guimarães. Quiçá sejam sintomas da maturidade, encantar-se com  os quintais dourados descritos por Érico Veríssimo, ouvir  uma boa música, relembrar bons tempos vividos,    encontrar com poucos amigos nas salas aconchegantes do Cine Belas Artes de Belo Horizonte, preparar um almoço  perfumado para os filhos, gostar da companhia de alguém, ainda  que as lembranças sejam de um olhar compartilhado,   um beijo  não consumado,  sem criar expectativas. Aprende-se nessa etapa da vida que as expectativas são tão  somente nossas ...
Há dois dias, ao levantar-me vieram as tonturas, o mundo girou, consegui abraçar a cômoda do quarto , numa fração de segundos incontáveis  fantasmas me visitaram naquela sensação desagradável. Visitando o médico , ouvi que estaria com labirintite, adiantando-me que poderia acontecer   em qualquer fase da vida, embora ocorresse com maior frequência em  pessoas de mais idade. Ponteiros girando,  rodavam-se ali todos os "ites".  Afagando meu lado espirituoso  , aportararam-se  as rimas suscite, tramite, habilite, apetite, capacite, só não hesite... 
Rosa Alves
Enviado por Rosa Alves em 30/06/2019
Reeditado em 03/07/2019
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