Alcoólico
O Ferrugem está vivo. Não no sentido enérgico, mas vivo. Talvez o correto seria dizer, “o Ferrugem ainda não morreu”. E quem é que diria que três gerações se passariam, e ele ainda estaria por aí cambaleando, tropeçando pela vida a fora, sobrevivendo ressacas após ressacas, insistindo na sua sofrida existência etílica nesse mundo.
Nós nos trombamos no ponto de ônibus semana passada. Ele subindo em direção, provavelmente, a Biqueira, e eu, indo ao encontro da primeira de duas provas substitutivas que tive de fazer nesse fim de curso.
Não é de hoje que o Ferrugem leva esse tipo de vida. Cansei de vê-lo indo para sua dose pura de cachaça no bar da esquina, e voltando, após a talagada, trôpego para casa. Quando o vício pega o sujeito a esse ponto, é triste. Ouvi dizer que o Raul Seixas, no auge da sua dependência alcoólica, quando seu organismo já não aceitava a bebida de forma alguma, lutava para segurar ao menos um único trago em seu corpo, e só assim se dava por satisfeito.
Pobre Ferrugem.