VIVER SEM MEDO

Quero deixar expressamente registrado o que sempre afirmei ao vivo e em cores. Salvo nos casos de óbvia e indiscutível necessidade, não me internem em hospital ou me submetam a exames invasivos e traumáticos. Não sou ignorante na matéria, apesar de ter seguido o curso colegial clássico e não o científico. Meu pai era médico, tanto quanto meu sogro, meu irmão Roberto, parentes próximos e bons amigos. Admiro a profissão, ainda que tenha minha linha própria de pensamento. Por que não? Mas, uma coisa é medicina, outra internação hospitalar. A única vez em que me submeti a hospital tinha sete anos e foi para extirpar amígdalas e adenóides. Claro, médicos sabem muito mais, no geral, mas nem tanto assim sobre mim próprio: já que fumo muito, bebo e como de tudo, segundo o prognóstico de alguns, há vários anos, não estaria por estas paragens agora e este singelo texto seria apenas estranha obra de “psicografia”. Quando tinha 18 anos, fui desenganado por uns dias, recebi até visita de apoio espiritual do meu querido Vô Matos, espírita convicto, mas sempre achei tudo uma grande piada. E não foi? Não desejo influenciar ninguém - o que, aliás, é difícil - operem o que quiserem e procurem médico até para dor na canela ou na unha, mas só tomem alguma atitude por mim quando eu liberar a neurose geral. Apenas tenho certos cuidados: comer e beber moderadamente e preservar o peso num nível compatível. E, claro, olho sempre atento na pressão arterial. Convivo bem com a asma e com a rinite, amizade firme. Assinalo que não pretendo escalar o Everest, disputar maratona ou fazer o caminho de Santiago de Compostela. O resto, amigos, é coisa do destino, que tem sido generoso. A vida é muito boa, por isto sempre fui favorável à eutanásia. Alerto, finalmente, que tudo o que escrevi não se aplica à gente jovem, inclusive porque a medicina muito evolui, valendo, então, um “salve” às pesquisas científicas. No mais, deixem este mutante em paz com as suas bruxarias.