GOSTO E HÁBITOS NÃO SE DISCUTEM

Não vou bater demais na tecla de que meu dia a dia caseiro e minha produção literária noturna estão capengas e anêmicos pela falta dolorosa da Baby dorminhocando a meu lado. Neste ponto, existe ainda certa esperança e, portanto, bola para frente. Mas tenho, na verdade, hábitos e gosto estranhos. Há mais de dois meses comprei um belo carro moderno e só o experimentei UMA VEZ, num trecho da estrada para Gramado, na primeira semana. Se fosse um Fusca em boa forma, talvez eu o aproveitasse melhor, mais à vontade, não sei. É coisa minha, deverá passar. Com a ausência do frio e, agora, da Baby, não tenho tido muita vontade de ir a Gramado, coisa que sempre me animou bastante. Não se enganem, não é depressão, só uma quebra circunstancial de padrão. A vencer. Filhos e netos têm sempre seus programas. Ademais, a empregada de anos compareceu umas três vezes nos últimos vinte dias, especialmente por temor de chuva e gripe, ainda que tenha dez anos menos do que eu, que passeio religiosamente com os cachorrinhos mesmo que caiam raios e muita água. Portanto, sem contar com uma boa faxina depois, convites para eventos familiares em casa sobrecarregariam ainda mais a mulher, que já se esforça bastante. Desisti, temporariamente, de fazer a barba, vou assumir visualmente o “esplendor” da velhice, mas é preciso cuidar muito bem da pelagem, não vivo na selva. Não consigo dormir antes das três da manhã e de me acordar por volta das dez. Creio que foi conquista compatível com meu biorritmo. Meu único hobby é escrever, navegar na rede e ler. Esportes, só à distância, pela TV. Como durmo todo errado, tenho massagista que me faz terapia todas segundas. Continuo avesso a celulares com internet e ao “What’s up”. Um dia, eu avanço. Aqui, é PC de mesa; em Gramado, Laptop, ainda que prefira o velho tablete da Andréa.