Palavra Solta - na noite, na chuva, na solidão...

Palavra Solta - na noite, na chuva, na solidão...

*Rangel Alves da Costa

Na noite, na chuva, na solidão... Noite fechada, de breu. Mais escurecida ainda pelo sumiço da lua, das estrelas, dos horizontes abertos. Noite chuvosa, de respingar e de molhação. Os asfaltos molhados se encharcam de solidão. Quem caminha vai na solidão, quando ninguém caminha só há solidão. Os gatos estão escondidos, os cachorros também. Os meninos não saem para brincar de bola nem as vizinhas colocam cadeiras nas calçadas. Janelas e portas fechadas. Quartos de luzes apagadas e travesseiros molhados de lágrimas. Prantos e saudades, angústias e recordações, sofrimentos e solidões. A flor amanhecerá mais viçosa e colorida. Mas na noite a flor sumiu. O jardim tomado de escuridão, nada além do açoite do vento. Os passos caminham seguem adiante. Os pingos caem, o caminho é incerto. Não há vaga-lumes como guias nem faroleiros subindo em postes de madeira. Nenhuma janela se abre, ninguém passa para fazer companhia. Caminha, mas ninguém avista o caminhar. Nas noites assim, de negrume e solidão, tanto faz estar na estrada ou molhando travesseiros. Tudo é apenas noite.

Escritor

blograngel-sertao.blogspot.com