ALGUMA CONVERSA

ALGUMA CONVERSA

*Rangel Alves da Costa

Não sei, realmente não sei o que motiva pessoas postarem fotos nas redes sociais, principalmente no Facebook, de modo até irreconhecíveis. Fotografias editadas demais, totalmente transformadas em photoshop, que chegam até a descaracterizar totalmente a pessoa. E depois, será que vai aparecer assim no mundo real, na rua, nos encontros do dia a dia? Não precisa ser assim. O normal da pessoa é ser normal. Quando muito uma maquiagem para realçar ou embelezar, mas não para transformar cinquenta anos em pele de neném.

As redes sociais também possuem o dom da conversão religiosa. Chega até espantar o quanto pecadores falam em Deus em suas postagens. Frases de feito, imagens, orações, tudo como se fossem as pessoas mais devotadas do mundo. Para quem não as conhece até que passa, até que dá para acreditar em toda aquela crença devocional. Mas para quem sabe de quem se trata, e que de religiosidade não guarda nada, só há que imaginar que está redimindo seus pecados através de postagens. Ou praticando até mesmo fake news da fé.

Também essa história de bunda arrebitada no facebook já está demais. Senhoras, novas e novinhas, todas parecem não querer mostrar outra parte do corpo senão a bunda. Seja bunda grande ou pequena não importa, pois importa mesma exagerar na pose para dizer que tem a bunda generosa. Mas por que assim? Por que isso, hein? Os seios não mostram tanto, pois certamente acham demasiada erotização. Fotos de calcinhas de vez em quando aparecem, mas não tanto quanto as bundas se entregando aos olhares. Todo mundo sabe que o brasileiro aprecia uma bunda bem feita, torneada, rechonchuda, mas não precisam vulgarizar tanto.

Falando em bunda, outro dia alguém comentou que faz parte dos tempos modernos que a mulher ande praticamente nua, com roupas diminutas e beiradas do bumbum à mostra, e sempre de modo provocativo. Não contestei, não disse nada, mas também não aceitei. Como, de fato, não aceito. A mulher é sexy, sensual, erótica, gostosa, até mesmo vestida em macacão ou recoberta de burca. É o jeito de a mulher ser - e nunca erotizada para se mostrar - que a torna sensual e atraente. Uma mulher se torna bela de roupa simples, de chinelo no dedo, sem ser além do que é em sua simplicidade. A beleza da mulher nunca está no seu corpo à mostra ou no seu jeito escandaloso de se mostrar, mas na aparência de uma dignidade tão bela que a torna apaixonante.

E agora sobre um assunto de difícil aceitação para a maioria das pessoas. Mas antes uma indagação: Nos dias atuais, seria possível amar, namorar, com o outro conviver, sem que o sexo seja a finalidade maior do relacionamento? Para muitos certamente que não, vez que concebem a relação sexual como prevalência maior entre dois. Mas eu não. Eu não penso assim. O sexo possui importância fundamental, pela fruição do prazer, mas não estando acima de tudo. Ora, se o prazer do namoro ou do relacionamento fosse somente o sexo, quase nenhuma importância teria o próprio prazer da presença, do afeto, do carinho, do abraço, do diálogo, do convívio, das coisas simples e singelas que entre dois é possível fruir. Que tal um cafuné, um deitar no colo e ser acarinhado, receber um dengo, ter a certeza de quem está ao lado igualmente ama?

O sexo não é tudo. Nunca foi tudo. O relacionamento perde o sentido e logo se desgasta se apenas o sexo for buscado. Pessoas que verdadeiramente amam gostam da presença, gostam do carinho, gostam de sentir calor pertinho do outro. Pessoas que verdadeiramente amam sentem amor até na distância, na saudade, na vontade de reencontrar. Pessoas que verdadeiramente amam possuem um olhar que convida, que cativa, que faz curar. Pessoas que verdadeiramente amam se regozijam do amor até mesmo em pensamento. E se sentem felizes pelo fato de que seus corações, por amor, pulsam sorridentes, alegres, contentes.

Escritor

blograngel-sertao.blogspot.com