PARA ONDE VAMOS?

Dentre as grandes questões nacionais, parece que existe uma não prioritária, que os governantes teimam em enrolar. Quem sustenta o Estado e o desenvolvimento do país? É óbvio que é a classe média. O que fazem os governantes em geral? Discursos. Os tributos aumentam e trituram o trabalhador médio, que sustenta a voracidade do Fisco, a Previdência Social, o crescimento das empresas e as próprias políticas voltadas aos mais pobres. Por outro lado, recebem aumentos salariais pífios, juros altos para empréstimos e baixos para investimentos, calotes históricos e surrealistas em seus créditos por precatórios, não reajuste das cobranças injustas do Imposto de Renda, nenhum serviço público à altura, devendo custear planos de saúde, a educação e a segurança. Os profissionais liberais nadam de poncho contra a correnteza num mercado estreito, inadimplente e ilíquido. Os locadores de imóveis aposentados e pensionistas chupam o dedo com uma economia em ritmo de tartaruga. Os locatários se escabelam, por sua vez. Tirante a anomalia dos marajás, os funcionários públicos temem justificadamente o dia de amanhã. Os empreendedores dão dois passos a frente e um para trás, em função basicamente de burocracia, impostos, falta de infra-estrutura, apoio, e uma clientela minguante. O dinheiro é para cobrir o déficit público? Ah, é? E quem vai cobrir o déficit concreto da classe média, ativos ou aposentados, que sempre sustentaram o país, sem cogitar dos muito pobres, relegados à margem do progresso? Eu não tenho a menor dúvida de que o Governo está focado em objetivos e metas que pouco têm a ver com as necessidades de sobrevivência digna da minha geração, sobretudo. Sempre pensei assim e, tanto quanto me foi possível, planejei, há muito tempo, aposentadoria para sobreviver ao tiroteio no escuro, sem depositar grandes esperanças no Poder Público, independentemente de partidos. O que a gente vê é um salve-se quem puder. Este é um ano economicamente perdido e não acredito tanto assim no próximo. Aliás, grande parte do mundo está sofrendo os impactos do século XXI, ainda sem suficiente luz no fim do túnel. Reformas são importantes, mas precisam ser realistas e inteligentes. É necessário acabar com anomalias, claro, mas se fizerem muita marola, a gente acaba engolindo água e se afogando. O país vai junto. Muitos ainda não se deram conta de que a gente caminha sobre o fio da navalha.