NÃO EXISTEM MAIS HERÓIS
Não Existem mais heróis…
Estes, ficaram em fotos, figuras coloridas ou desbotadas, ficaram nas páginas de um livro velho, ou então, são relembrados de maneira torpe e fragmentada por aqueles que contam histórias antigas, mas têm já uma memória vaga das coisas.
Hoje, o tempo é de homens perversos. Tempos de perversidade!
Hoje, o tempo é de guerra e divisão, de discurso copiado na rede e de arma na mão!
Hoje é o tempo de imbecis! É o tempo do fim da nação!
Nas fronteiras do mundo, homens rasgados, mulheres cortadas, crianças interrompidas tentam fugir do caos.
No entanto, apenas prolongam a agonia do desterro…
Não existem mais heróis.
Estes, enganaram a troco de pouco, por trinta moedas ou menos…
Hoje, o tempo é de muros mais altos, dedos em riste, cercas e arame farpado.
É o tempo do discurso do ódio, da banalização da morte e da miséria, da mediocridade como solução!
Não existem mais heróis nem cavalos pra montar.
Não existe mais o final feliz, não há mais aprendiz. O que há é a marca. O que fica é a cicatriz!
Hoje, o tempo é de revolver cascalhos, olhar os escombros, contar os mortos…
É o tempo de filósofos desbocados, de agressivos comentários, de loucos pra todos os lados!
É o tempo dos flagelados, dos desnudados, dos milhões de desempregados…
Não existem mais heróis…
E já já não existirão mais poetas.
Haverá a necessidade de expulsá-los porque teimam frequentemente em pensar, porque teimam absurdamente em enxergar…
Mas isso tudo não importa, pois as pessoas já não pensam e não enxergam…
Nas fronteiras do mundo, a despeito da dor, bandeiras continuam delimitando espaços, marcando territórios, desumanizando vidas…
As ideologias, rotas e desfiguradas, ainda teimam em dizer o que é bom é o que não é.
Ainda fazem pessoas saírem de suas casas.
Ainda fazem ver o outro como inimigo.
Nas fronteiras do mundo, duas bandeiras se misturam, se interpenetram, mas não se fundem, ao contrário, criam um vazio, uma incógnita…