MUNDOS REAL E VIRTUAL

A dimensão virtual abriu portas e janelas para muitas coisas, inclusive para a política. A vida pública, tão cheia de manhas e intenções veladas, está necessariamente mudando em face do impacto direto e imediato do pensamento das pessoas em geral. Na política clássica, o artífice age como o quero-quero: bota seus ovos de um lado e canta de outro. Custa ao cidadão comum captar os verdadeiros intentos de cada agente, assim como ver a floresta e não somente a árvore. Isto é bom, renovador, saudável. São os novos tempos. A rigor, um químico, um biólogo, um artista ou mesmo um filósofo, terá naturalmente dificuldade de entender a língua desse mundo cheio de voltas e nós, repleto de construções subliminares, jogo de cena, avanços e recuos e surpreendentes aproximações. Não é coisa para amador, para o comum dos mortais, por mais competente que seja em seu ramo específico de conhecimento. Desde os dezesseis, dezessete anos de idade tenho contatos estreitos e militância eventual no meio, sem cogitar das lides estudantis, e muita coisa me surpreendeu e pude aprender. Inclusive porque me incumbiram, no setor público ou privado, várias vezes, de dedicar-me à análise e à projeção de fatos políticos - ambiente em que tinha razoável ligação. Digo tudo isto também para que os amigos da internet não se iludam muito com certas “análises” ditadas pela paixão ou pela conveniência, rumores e anseios expressos veementemente na rede. O Brasil é muito grande e complexo. Isto vale para A ou para B, não tem lado. Não significa obviamente negar importância a qualquer movimento consistente de opinião. Nada a ver. Como disse, os tempos mudaram, mas as pessoas nem tanto, muito menos o sistema. Nada acontece de uma hora para outra, só porque alguns, no campo virtual, pensam assim ou assado, seja positiva, seja negativamente. Segundo proclamava e divulgava o ex-presidente Collor, de memória não celebrada: “O tempo é o senhor da razão”. Para o bem ou para o que der e vier.