PARA REFLETIR

Lembro aqui palavras do Presidente Médici, referindo-se aos reluzentes números da economia: “O Brasil vai bem, mas o povo vai mal”. Sim, é preciso equacionar devidamente o déficit fiscal, mas jamais à custa do desemprego, da supressão de direitos básicos, do aumento descarado de tributos, da anemia do mercado interno, inclusive, com desestímulo ao investidor privado. É preciso obviamente corrigir as anomalias de certas remunerações do setor público, eliminar cabides de emprego, gastos inúteis, sumidouros, mordomias nos Poderes, excessos benemerentes da Previdência Social, desigualdades absurdas em geral, mas que isto não signifique o empobrecimento injusto e economicamente contraproducente de todos os que trabalham e sustentam o país. Não se pode partir abruptamente para soluções simplistas, à moda Brasil. O mantra do equilíbrio fiscal, não raro arrepia pelo que contém de insensibilidade social e estreita visão econômica. Repensem a manifestação do ex-presidente Médici. Ademais, um Estado que atrasa pagamento de funcionários, que vende estatais para pagar o próprio almoço, que não cumpre o que deve e aplica calote ignominioso em seus precatórios (credores), que prioriza conchavos partidários não pode prosperar. E isto vale para todas as esferas federativas, uma com este, outra com aquele cacoete. Respeitem-se naturalmente os técnicos e especialistas, mas sem um mercado interno dotado de energia nada pode dar certo. Temos uma população gigantesca e este é um enorme país. E nem falei na burocracia. Em minha opinião, o Brasil tem crescido mais pelo talento e ousadia de seus empresários e pela qualidade e esforço de seus trabalhadores do que por boas políticas públicas. Um Estado que congela poupança e contas bancárias, confisca bois no pasto e fecha supermercados, muda nove vezes de moeda e malbarata o Tesouro Público, não pode meter-se “de pato a ganso”.