"ADMIRÁVEL MUNDO NOVO"
Admirável Mundo Novo, romance do escritor inglês Aldous Huxley, publicado em 1932, sempre fascina. Nós estamos a não muitos anos distantes de um mundo novo, não sei se admirável, pelo aumento da população, escassez e grandes avanços tecnológicos. Sem falar nos desatinos constantemente perpetrados pelo homem, crises econômicas e de Estados. Provavelmente não irei testemunhar os novos tempos. Preocupa-me o futuro dos netos. Não se pode ser absolutamente pessimista, talvez algumas coisas melhorem, mas a questão do trabalho e da segurança não se resolverá num passe de mágica. O emprego privado tende a escassear, obviamente, com salários diminutos. Não é só um problema dos atuais governos, mas dos sistemas econômicos. Começamos a caminhar no fio da navalha. A terceirização já é uma realidade contundente. A Justiça do Trabalho poderá perder prestígio, até desaparecer, já existe uma verdadeira cruzada para lograr tal intento. O empreendimento privado assumirá crescentes riscos de mercado, especialmente pequenas e médias empresas. O Estado tende a minguar drasticamente e todas as carreiras perderão, aos poucos, prerrogativas, estabilidade e remuneração satisfatória. Ao profissional autônomo restará a dura disputa pela partilha de clientela mais restrita e popular. Ao menos, este é o sumo que se pode extrair das ideias em curso nos mais elevados escalões, que talvez nem tenham a exata noção das conseqüências. Talvez seja imposição inerente ao ciclo histórico. Não sei exatamente. Também nem cabe agora comentar o futuro pouco promissor das aposentadorias e pensões, públicas ou privadas. Mas nada acontece de repente, sempre há um lento processo de adaptação e ajuste. De qualquer modo, com a exaustão das riquezas e a irracionalidade ou ganância de uns poucos, fica difícil vislumbrar um amanhã muito diferente. Minha esperança é a criatividade humana, que logrou construir o progresso ao longo do tempo. O grande desafio é trabalhar inteligentemente para ajustar as grandes diferenças econômicas e sociais, em todo mundo, aliviando demandas, conflitos e tensões. Não surgiram, ainda, no planeta, grandes cérebros e lideranças, o que dificulta o andar da carruagem.