Palavra Solta - na cavalgada e noutras vaqueiramas

Palavra Solta - na cavalgada e noutras vaqueiramas

*Rangel Alves da Costa

O filho de Poço Redondo, do sertanejo o verdadeiro, até pode nascer mateiro, roceiro, coiteiro, catingueiro e fazendeiro, mas é por natureza vaqueiro. Mesmo com sol em braseiro, monta no bicho ligeiro e logo se faz estradeiro. Na vaqueirama o terreiro, na junção do gado o primeiro, na secura da terra ou no aguaceiro. De couro encourada a vida, no aboio o cancioneiro e na toada o seu ecoar seresteiro. Da Santa Fé ao Juazeiro, da Padre Cícero ao Umbuzeiro, se anunciada a festança o vaqueiro chega primeiro. Na pega-de-boi no mato, na caça do boi campeiro, logo se avista um cavaleiro vestido em gibão escudeiro. Aboio dolente e fagueiro, na pele o lanho espinheiro, ao mato se entrega inteiro como em voo passarinheiro. Toada recordando o parceiro, ecos de um passado altaneiro, a dor e a alegria na vida de um velho boiadeiro. Ê boi, gado ê, ô! E no dia da Cavalgada, saindo de um ponto certeiro, tomando a estrada em poeira, uma procissão de vaqueiro. Ao adentrar na cidade, a rua se faz celeiro de cavalo e seu companheiro, proporcionando um cenário que não se paga com dinheiro, pois a tradição de um povo que da vaqueirama é herdeiro. Ê boi, gado ê, ô!...

Escritor

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