MISTÉRIOS DA COMUNICAÇÃO

Falo, escrevo, leio e entendo razoavelmente bem o Francês; falo, entendo e leio, mas não escrevo o Espanhol; me defendo no Inglês, tenho algumas noções de Italiano, mas muito básicas. Por que digo isto tudo? Aqui no Brasil, fico tolhido para uma conversação em língua que não possuo domínio, creio que acontece com todo mundo. Jogo na retranca e prefiro não me expor. Mas, por exemplo, na Itália, já falei por telefone algumas vezes para diferentes serviços, reclamei e dei bronca, além de levar roupas para lavar e passar em lavanderias atendidas por gente simples do país, por exemplo. Por algum mistério da comunicação, sempre entendi tudo e fui compreendido (talvez a boa base em Latim contribua). Pode até ser que baixasse a “pomba gira” ou, quem sabe, em viagem, desenvolva uma linguagem própria de ESPERANTO. A verdade é que as coisas sempre fluíram sem qualquer mímica, vacilo ou equívocos dignos de registro. Tenho enorme interesse de ainda estudar línguas, mas penso que tudo tem funcionado relativamente bem no nível em que estou e a intenção acaba não se concretizando, a não ser quanto à sistemática atenção que presto na leitura de jornais estrangeiros e nos filmes a que assisto. Os problemas maiores situam-se no degrau cultural. Certa feita, numa casa de tangos em Buenos Aires, sentara ao lado de uma senhora australiana com seu neto de uns dezessete anos. Então, falando sobre a refeição, comentei sobre “spinach”, o bom e velho espinafre, que adoro. Perante a incompreensão percebida, falei em inglês sobre o alimento que dava força ao Popeye The Sailor Man. Continuavam a não entender e nem sabiam quem era Popeye. Cortei logo a tentativa amistosa de papo e prossegui a dar risadas com Andréa, pronto para curtir um novo número de tango que se apresentaria.