NÃO NASCI PARA SER FINO

Valorizo gente educada, de fino trato e creio que a cultura deva guardar refinamento e elegância notadamente em suas expressões literárias, musicais ou cinematográficas. Portanto, não sou fino, mas grosso também não. Sou favorável à venda de bebidas nos estádios de futebol e contra a repressão a quaisquer xingamentos de torcida no calor da rivalidade e das contendas esportivas. Descrever ou referir-se a alguém como negro ou negrão, salvo com intuito malévolo, revela preconceito na cabeça de quem julga, pois ser branco, amarelo ou preto não significa nada, não distingue absolutamente ninguém, é mera constatação étnica despida de juízo de valor. Nunca (minto, só uma vez) comprei automóvel zero quilômetro ou de elevadíssimo valor, por mais favorável que fosse a alternativa oferecida. Prefiro trajar roupas simples, no geral. Compro aquelas indispensáveis. Só viajei em primeira classe, surpreendentemente, na última viagem do ano passado ao Peru, sem gastar um tostão a mais, acho que havia vaga e fui dos primeiros a realizar o “check-in”. Não sei até hoje. De qualquer modo, não gosto da classe econômica em avião e nem de navios. Hoje em dia, viajar tem de ser muito compensador em curiosidade e prazer. Minha preferência culinária é o cardápio gaudério, que me arrebata, ou aquela chamada “comidinha da mamãe ou da vovó”. Nem minha mamãe e nem vovó faziam comidinhas. Detesto comédia “pastelão”, neste quesito estou mais para finório. Sou favorável ao palavrão, no momento certo, soa como música, e não vejo nenhum problema em dar uns chutes nas canelas, em dadas circunstâncias. Sou um tanto belicoso com pessoas arrogantes e pretensiosas. Assisti touradas em Lisboa (1967) e torcia pelo touro. Gosto de coisas boas, que podem ser bem diferentes da sua preferência. Odeio pizza ou massa com camarão, por exemplo. Não vamos brigar por isto. Também não me seduz camarote no Sambódromo, assim como não iria a Fernando de Noronha. Mas acho bacana. Como não sou sofisticado, defendo a relativa e controlada liberdade de venda de armas, a jogatina livre no país, o aborto, os direitos laborais e previdenciários básicos, a redução dos tributos escorchantes e a eutanásia. E prisão perpétua para quem discrimina cachorrinhos.