VERDADES SOBRE A MELHOR IDADE

Vou tentar organizar meus pensamentos sobre a melhor idade. Inicialmente, é preciso deixar claro que ela, de fato, não depende da cronologia ou da certidão de nascimento, ainda que a pessoa tenha de ser veterana. Uma dor aqui, outra acolá, algum problema de saúde, tudo isto não define a questão: às vezes na primeira ou na segunda idade, o sujeito pode padecer de incômodos maiores. O indicativo mais importante da chamada melhor idade é ter a vida resolvida. Creio que é impossível a pessoa não possuir qualquer compromisso ou responsabilidade, alguma dose de trabalho, certas limitações e inconveniências a enfrentar no dia a dia. Talvez do lado de lá da fronteira, se houver, ninguém sabe. Portanto, “vida resolvida” não significa paz celestial, mas longo trabalho realizado, conquistas atingidas, vínculos pessoais íntimos e próximos corretamente forjados e encaminhados, ao menos no que dependeu de seu esforço. Isto a gente alcança um pouco mais cedo, às vezes mais tarde, tanto quanto a liberdade individual possível. Não importa se você tem abundantes recursos ou muito poucos. Existem abonados que penam muito, ou irão penar – ao menos deveriam. Outros não tão "afortunados" passam uma semana pescando, acampados na beira do rio com amigos, tomando pinga e mate-amargo, sem preocupações e satisfeitos. Minha vó Dina Ghisoni de Matos faleceu aos 96 anos – há muitos anos. Quando estava descontente, comentava: “Saudades dos meus oitenta anos”. Não sei quando iniciou a sua “melhor idade”, mas durou, com certeza, muitos anos. De minha parte, posso dizer que não trocaria meu atual momento por aqueles dos quarenta e poucos anos ou cinqüenta. Saudade sempre bate, belas lembranças, mas é gratificante iniciar um “terceiro” ciclo com histórias a contar e o prazer de estar em movimento positivo e agradável, acompanhando os mais próximos. Problemas sempre houve desde o nascimento, o importante é resolvê-los.