FANTASIAS DE UM AVÔ

Vou chamar de “fantasia”, até pela improbabilidade fruto de posturas dos filhos, a um anseio de ter uma netinha. Curtiria muito uma guriazinha a esta altura, vez que os três netinhos são homens. Quando nasceu minha filha, foi certa surpresa, pois não tinha imaginado até então como seria assumir a condição de pai de menina: uma delícia. Tive muita sorte com os filhos – primeiro um guri, depois uma guria - e, também naturalmente com os netos, uma beleza, mas uma pequena fêmea para curtir agora seria sensacional. Claro, se tivesse três netinhas, estaria louco por um piá. Nunca fiz pressão, porque sei que não está nada fácil criar filhos e, ademais, não haveria qualquer garantia de que um eventual novo rebento fosse cor de rosa. De qualquer modo, quando já se tem filho homem, ou netinhos masculinos, é impossível não sentir alguma falta de uma piazinha dengosa, ao menos até os doze ou treze anos, digamos. A partir da adolescência, ao lado dos muitos encantos, existem aquelas sabidas complicações e a coisa começa a mudar levemente de figura. Depois de certa idade, todos os gatos são pardos. Em suma, as minhas possibilidades restam com Suzy, para os que se lembram de uma antiga crônica que escrevi. Suzy é uma filha imaginária, que mora nos Estados Unidos da América, inventada para servir de emulação a minha pequena filha. Ainda não as conheço, mas ela já deve ter umas netinhas minhas, acredito.