Se lembrares, com certeza, a senectude bate na sua porta
 
Sinceramente eu não sabia, no entanto, a partir do momento que comecei a escrever, passei a perceber que o saudosismo é uma característica muito marcante do meu ser.
Sempre quando viajo, que estou nas estradas, meus olhos ficam atentos, na expectativa de encontrar algo que me transporte para o passado. Lembro que algumas vezes, meu pai me levou na fazenda do Velho Brás, para quem ele trabalhou algum tempo. O casarão da fazenda era no alto, edificado em pilares de Braúna, o acesso a casa se dava por uma escada de madeira, varandões com seus janelões rodeavam a casa, suas paredes eram caiadas. As casas dos trabalhadores da fazenda eram mais simples construídas de pau a pique. Os pisos e os fogões a lenha eram de barro batido branco. Nos córregos as pontes eram substituídas por troncos, para atravessar tinha que ser equilibrista, ou caso contrário caia no ribeirão, os transportes dos produtos eram feitos em carros de boi.
Ao aproximar o crepúsculo todos se reuniam em frente do casarão, e ali histórias e brincadeiras iam-se desenrolando. O horário da janta seria do nosso café da tarde, por falar em café, eles eram servidos em bules, os purificadores da época eram filtros de barros que através de velas faziam a filtragem da água que eram guardadas em botijas. Os banhos além de serem de gatos eram realizados numa bacia de alumínio, algo que ia me esquecendo os pratos eram brancos esmaltados.
O inusitado não para por aí, algo que me chamava bastante atenção também, era quando as pessoas iam pescar, geralmente eram piabinhas, que eram penduradas numa varinha, sendo que depois eram fritas inteiramente, dispensando qualquer limpeza
Nos domingos, era comum também as peladinhas, sendo que as mulheres ficavam em volta do campo torcendo. Só não podia chover, caso isso acontecesse, a bola de couro iria pesar uns 20 quilos, se acertasse no corpo nocautearia qualquer filho de Deus, sem falar que quando a bola esvaziava, era o maior saco para encher.
Larguemos a vida do campo e vamos passear agora pela cidade. Hoje o que está em voga é o ECA, conselho tutelar, se algum pai ousar corrigir seu filho, corre o risco de ir para o xilindró, antigamente juizado de menor era a varinha de goiaba que comia solto na bunda. Se por acaso alguma criança machucasse, era só passar o merthiolate   e ficava tudo certo, hoje se isso acontecer, é perigoso dar até corpo delito.
Atualmente com a digitalização, não temos mais álbuns de foto, revelar uma foto hoje é coisa de somenos, não podemos esquecer dos monóculos que antigamente fazia sucesso. Ah que saudade dos parques e dos circos e os transeuntes a passar. O fogão da minha mãe era orelhudo, vermelhão todo no esmalte.
Ah quanta saudade daqueles momentos em que o carteiro trazia até a ti uma carta, a expectativa era tal que o coração só faltava sair do lugar, infelizmente com a globalização, com o sucesso dos emails, isso agora é obra de museu.
E aí algum de vocês lembram da nota de 1.000 cruzeiros, quanto sucesso essa nota fez na década de 80. Naquela época eu gostava de tomar banho com um sabonete que chamava “vale quanto pesa”, será que ele existe ainda? Sabe o que lembrei agora rs, daqueles pirulitos que tinham antigamente em forma de galo e outros animais.
Ah quanta saudade eu tenho daquele tempo que não volta mais. Infelizmente agora tenho uma triste notícia para dar-lhes. Se por acaso lembrares dessas coisas, com certeza a senectude está batendo na sua porta, rs.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 

 
Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 21/03/2019
Reeditado em 21/03/2019
Código do texto: T6603663
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