O QUE É O AMOR?
Sei que gostam de mim os filhos principalmente, o enteado, a mulher, irmãos e tantos outros parentes e amigos. Os filhos acima de tudo. Também os netinhos, mas, as crianças são movediças, elétricas, mais centradas em si mesmas e nos pais. Tudo muito natural, a questão aqui é de outra natureza, já que, neste aspecto, a pergunta já está bem respondida pelos fatos. O que me questiono é se, além da amizade, do companheirismo, da admiração explícita ou implícita, fui alguma vez realmente AMADO por alguma mulher, tal como a gente conhece o sentimento a partir das artes, especialmente da literatura ou do cinema. Não é o caso de eventual atração ou interesse lúdico, digamos. Que fiquem de fora as esposas, anterior e atual, pois, com elas, muita coisa sempre esteve ou está em questão, sobretudo as positivas, que bloqueiam ou não justificam o livre curso do raciocínio especulativo ou a discussão filosófica. As namoradas que já tive são inesquecíveis, elas nem sabem quanto, mesmo aquelas por um dia ou por um beijinho inocente de ocasião. Peço escusas se pareço ingrato, mas eu acredito que amado mesmo, jamais fui. Sim, eu sei, algumas poucas poderão alegar que me quiseram, no passado, mas eventual paixão, obsessão, teimosia, ideia fixa, desafio não significam amor, que é sentimento correspondido e sem estresse, em situação adequada por ambos escolhida, partilhada e usufruída em regime de ampla liberdade. As restrições e dificuldades exaltam a paixão, mas não configuram necessariamente amor. Também se deu muito comigo. Agora, com reciprocidade, nunca este fenômeno me aconteceu ou, então, durou muito pouco, inclusive por meu despreparo circunstancial para o compromisso e o despojamento. Quando estava gostando, não dava certo e assim também ao contrário. Coisas que não diminuem a importância indiscutível dos relacionamentos havidos. Mas isto não ocorreu com quase todo mundo e ainda prossegue? Finalmente, acho contraproducente a fantasia criada a respeito, que confunde amor, paixão ou atração. É possível que todos nós tenhamos conseguido o melhor em cada caso vivenciado e que o verdadeiro amor seja aquela parceria com que contamos sempre. O futuro? A Deus pertence, como dizem.