CARNAVAL

O carnaval é festival pré-Quaresma, que, segundo consta, teve seu modelo inspirador em Paris. Tem muita gente que adora o carnaval, inclusive os que vivem dele e por ele. Acho legal, como acontece com o futebol, por exemplo. O carnaval virou cartão postal do país, ainda que, por estas bandas rio-grandenses, a tradição não seja muito arraigada. Aliás, como o futebol, o carnaval tornou-se uma grande indústria. Para mim, carnaval foi grande ocasião até certa idade, mas, depois, transformou-se em mais um feriadão, como já foi a Páscoa. Mas o que incomoda um pouco neste período - para aqueles que não são visceralmente carnavalescos - é a quase obrigatoriedade da folia, da gandaia, do jeito livre, leve e solto. Parece que a Constituição Brasileira impõe uma nova ordem nos quatro dias momescos, pelo menos é assim que percebo o clima frouxo no rosto, nas expectativas das pessoas, dos animais e das coisas: sim, até os seres inanimados, que o comércio ornamenta e busca dar vida, estão dispostos com jeito que convida à folia. Faz parte, mas eu me incluo fora desta. Não tenho a mesma reação quando se trata de Natal ou Páscoa, mas confesso que me sinto como de outro planeta ou como “penetra” que foi empurrado para figurar no meio da dança. Já tentei todas as alternativas para a ocasião, inclusive algumas vezes Gramado, para onde deverei novamente buscar refúgio em breve. Meu veraneio na praia foi excelente, mas já acabou, graças a Deus. Sou otimista, o carnaval estimula, afinal, o bom astral e o pensamento positivo. Mesmo sem máscara, confete ou serpentina, sintonizo com os foliões de todos os quadrantes, tomando meu vinho tinto com redobrado prazer. Deu para notar que não sou do ramo, mas nada contra. Na última vez em que estive na Bahia, há muitos anos, ficamos 8 ou mais dias em Salvador e outras praias, como Praia do Forte e Ilha dos Frades. Regressamos poucos dias antes do carnaval. Os filhos foram se divertir em nosso litoral, eu permaneci no meu apartamento de solteiro da Fernando Machado, com vários livros e fitas de videocassete, muito ar condicionado e tele-entrega de refeições: às vezes assistia à folia enlouquecida de Salvador, pela TV, e pensava sempre "que bom que não estou lá!". E para os críticos de plantão, informo: já enfrentei cara a cara o carnaval de rua de Laguna, Santa Catarina, com os jovens amigos de meu filho universitário, em casa que aluguei por lá. Aceito os cumprimentos de quem conheceu ou teve notícias do fervo da época. Chose de loque.