Camila
Camila fugia, corria
E na estrada de barros
Sob seus pés molhados
A chuva descia, raios
E raios, faiscavam bravos,
Bravos trovões, rasgavam os céus.
Oh céus! E como assustavam,
Calavam...
Camila sentia, o vento gelado
No peito suado junto à água fria...
Com vestes rasgadas, regrada aos trapos, farrapos, findava-se o dia.
A noite chegava, no meio da mata
E ela adentrava e se escondia.
O choro brilhava junto a gota d'água, brilhava em seu rosto de agonia
Nuvens negras vibravam,
Tempestivas e torturadas, que se arrastavam
pra lá e pra cá, Que se juntavam, jorravam pés d'água
E os pés da Camila corriam
Descalços por poças infindas
Na trilha ia seguindo e
Camila fugia do nada,
Do nada desse tudo
Sem espada ou escudo
Pra se proteger do medo da vida, da covardia, de seu próprio medo
Medo de viver
Se escondendo no mundo.