O SONHO DE MEGG

Após acumular anos e anos mexendo com números e altas cifras, Meeg toma uma decisão que mudaria o rumo da sua vida.

Ela tinha um jeito diferente de ver a vida. Para ela, nada era tão matemático, preciso, pois em nada cobrava exatidão. Não, não quero ser capitalista a ponto de medir o ser humano pelas suas posses, ou status social. Todos somos iguais, reconhecendo que uns com mais e outros com menos oportunidades adquiridas ao longo da vida,

Nem todos são herdeiros de nomes tradicionais, mas todos precisam de todos, isso é cíclico.

É como se estivéssemos numa única embarcação rumo a um determinado ponto de apoio.

O mar, quando revolto, não mede o naufrago pela riqueza. Todos estão sujeitos a se afogar, dependendo das condições do tempo, das altas ondas a que sejam submetidos.

O Homem precisa de trabalho, mas também de uma remuneração digna, afinal, os seus esforços, são de muita importância pela atividade que desenvolve, em prol do bom andamento da instituição a que ele presta os seus labores, com determinação e consciência de que deve trabalhar com responsabilidade, e ser remunerado a contento.

É uma cumplicidade desenvolvida e que não importa se patrão ou empregado, todos terão que mostrar suas utilidades funcionais para o bom andamento da engrenagem que rege e faz movimentar uma empresa.

Megg sabia disso, afinal sua vida como contribuinte numa empresa multinacional, teve vários caminhos percorridos, até deixar tudo para trás e dedicar a sua vida a umas atividades mais brandas, que não exigisse tanto a sua tão dedicada participação. Secretária, Chefe de RH, Consultora financeira, Conselheira fiscal, chefe de contabilidade, e chegou ao cargo de vice presidente da Warquenn Drive Sistems ltd, Empresa que dominava o mundo de softwares, cujo faturamento chegava aos 13 bilhões de euros por ano.

O mundo moderno lhe mostrara que a competitividade entre os seres era muito acirrada, e por vezes, desleal. Por isso, resolveu antecipar a sua aposentadoria e se enfiar num sitio que ficava a 30 km da cidade.

O espaço suficiente para viver longe de todo e qualquer movimento ou agitação que viesse tirar-lhe a paz. Assim, poderia curtir sua solidão (Por opção própria), pois nunca se dera ao luxo de pensar em constituir família, justamente pela vida que levava ocupando cargo executivo, o que muito lhe distanciava do gozo do lar, pois vivia entrando e saindo de aviões, hotéis, táxis, helicópteros e essas coisas modernas que lhe aprisionava o existir.

Agora, ela queria desfrutar a paz que nunca viveu, e a vida que não lhe deixaram ter.

Livros e mais livros dos maiores nomes mundiais, enfeitavam sua estante, e cada um, tinha sua importância, pois eram seus maiores e inseparáveis companheiros. Achou riquíssima e interessante uma frase que leu que dizia: O LIVRO LIBERTA.

Não tinha celular, nem televisão e tampouco computador, nada que lhe conectasse ao mundo externo ao qual ela não mais queria pertencer.

Nem tudo vale tanto, dizia Megg para o Dimbo, seu gatinho manhoso que compartilhava com ela aqueles momentos reflexivos.

E assim, curtindo as quatro estações do ano, lendo, cuidando da Horta e do seu gato, dizia-se realizada e definitivamente, era exatamente assim que ela iria viver até os últimos instantes da sua vida, não obstante, até o relógio que tinha jogou fora, pois não aceitaria aprisionar o tempo em obrigações e determinantes períodos contados por ponteiros, ou analógicos medidores.

Sem contar o tempo, sem contar os números e sem querer saber de mais nada que não fosse o silencio do campo, e a sua paz de espírito tão desejada.

- Que o mundo por mim esteja perdoado, pois assim como eu, ele também tem que cumprir algumas obrigações. Só que, diferente de mim, ele não pode parar a hora que ele quiser. Rsrsrs ria Megg, com um gosto de vitoria, após abandonar no sofá da sala, um livro de T.S.Eliot, um dos seus escritores favoritos.

07/02/2019

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 07/02/2019
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