Uma despedida de Solteiro

Helena me viu chegar cambaleando e trocando as pernas devido ao porre da despedida de solteiro de Rogério. Mas o que mais a deixou chateada, foi o excesso de marcas de batom na minha camisa branca que ela comprara para esta ocasião, mas que me alertara: “NÃO VÁ PASSAR DA CONTA NAS COMEMORAÇÕES, A DESPEDIDA DE SOLTEIRO É DO ROGÉRIO”.

Devido a tanta brincadeira, descontração e grau etílico, nem sei ao certo o que aconteceu na chácara do Alfredo nosso patrão. Sim, a festa fora nas dependências da Chácara Flor de Lotus (Olha o nome) cedida pelo nosso chefe.

Musica, Wiski, dança e o pior de tudo: Umas 6 ou 8 garotas fazendo Strip tease para “alegrar” o futuro HOMEM SÉRIO e os babões que mesmo jurando fidelidades, não aguentam ver de perto um rabo de saia (ou sem saia e sem nada) exibindo as curvas torneadas e as marcas dos biquínis ousados.

Tudo estava de acordo as tradições, O FAMOSO VIRA VIRA, aquelas babaquices todas para embriagar e soltar os demônios de dentro de cada um. Ate a chegada das garotas eu lembro tudo que aconteceu. Todavia, depois de uns goles a mais eu já nem sabia mais quem eu era, o que eu estava fazendo ali e o que aconteceu.

Helena não me olhava como de costume. Obvio, eu estava embriagado e cheio de flagrantes pela camisa. Me dá o celular Roberto. (exigiu Helena). Pega ai no bolso do paletó.

Antes ela não tivesse pego. Mas eu só ordenei que ela o fizesse por não saber o que ela poderia encontrar, uma vez que eu jamais lhe escondera algo nesse sentido.

Entrei pro chuveiro amparado por ela, que praticamente me empurrava para dentro do banheiro como se estivesse com muita pressa em fazê-lo.

Canalha, filho das... todas... que merda é essa aqui Roberto (ISSO AOS GRITOS BERROS E URROS IRADOS).

De repente ela abre a porta do banheiro com o celular na mão, e mesmo meio tonto eu sabia que alguma coisa tinha dado errado.

Não, alguma coisa deu muito errado.

Helena chorava incontidamente, chegando a soluçar, ao ver as fotos, os vídeos onde eu aparecia como protagonista de toda orgia com duas das 6 ou 8 garotas. Duas... você estava com duas mulheres na cama pelados fazendo isso?

Praticamente esfregou o celular na minha cara e o efeito de tudo (levado pelo susto) começou a passar e sumir da minha cabeça. Nunca a via chorar daquela maneira. Fiquei triste, peguei o celular e o que eu vi, fez-me sentir o cara mais sacana do mundo. Helena não merecia aquilo, mas estava ali tudo em fotos e vídeos e qual a desculpa que eu daria? O que de fato aconteceu?.

Não, eu não lembrava de nada. De súbito, o celular toca, era o Rogério. Alô, alô Roberto, ta tudo bem?

Não cara, não está nada bem. O que foi que aconteceu naquela chácara você pode me dizer?

Foi armação do Lauro, do Sergio e do Pacheco. Cara, a coisa foi tão feia que vários vídeos estão agora na net. A Soraia disse que não vai mais se casar comigo, e o pior meu amigo: FOMOS DESPEDIDOS você e eu estamos no olho da rua. Alfredo disse que sujamos a casa dele, a confiança dele e expomos ao ridículo o nome da sua família.

Mas o pior vem agora, te senta pra ouvir essa: O Lauro e o Pacheco, acabaram de encontrar os corpos deles crivados de bala na saída da estrada da chácara com destino a Regis. Bittencourt, e o Sergio cometeu suicídio a menos de uma hora.

Como pôde ter acontecido tanta coisa em tão curto espaço de tempo, o que é que estava acontecendo com tudo e todos?.

Estava no viva voz, a Helena ouvia a conversa e ai que ela chorava mais ainda. O Lauro, era irmão dela (O cara que por inveja, mais me detestava).

Segundo a policia, havia uma substancia química nos copos e nas bebidas (Continua narrando Rogério) uma droga que deixa a pessoa esquecida da vida, meio que zumbi, mas com apetite sexual assustador. Isso explica então o porque de não saber o que houve.

Sim, eles (Os três) colocaram essas substancias mas exageraram nas doses, tanto que duas das meninas morreram antes de ser atendidas no PS de Osasco.

Estão me acusando de ter tentado matar as pessoas que estavam na festa, e eu nem tenho arma, mas as marcas de tiros estão por toda parte, mas não encontraram arma alguma. Estou na delegacia e acabei de saber que minha mãe enfartou e acaba de falecer, pois não suportara tanta carga de tanta coisa ruim.

Helena agora, não mais esbravejava, estava muito sentida por tudo e pelo seu irmão. A raiva sentida por mim já nem estava em cogitação.

Eu disse ao Rogério, estou indo ai. Troquei de roupa e quando me preparava para sair, Helena tinha ido La fora e ao voltar estava com uma arma na mão. Eu perguntei, onde você achou essa arma? (Uma pistola automática prateada) ela apenas disse: Não seria essa a arma que ele estava se referindo?

Onde estava? No banco de trás do seu carro. Nisso um barulho de motor irrompe a noite (Quase dia). Era a policia dando voz de prisão ao Roberto. Chegam ao ponto de ver a Helena com a ar,ma na mão. Ele pega a arma dela tentando protege-la e a policia atira, a arma da mão dele também dispara acertando Helena com um tiro fatal na cabeça, que tomba sem vida.

Ele grita desesperado HELENNAAAA. A policia também grita, com voz de comando: solta a arma, solta a arma e deita no chão.

Não, nada disso estava acontecendo, numa fração de segundos ele reviveu tudo que aconteceu na tarde daquele dia. Um dia que seria de festa, de alegria e comemoração entre amigos. Não... isso não ta acontecendo. Ele já não ouvia mais a voz de comando da Policia. Viu o corpo de Helena, olhou pra arma em sua mão, sorriu para a policia, colocou o cano na boca e apertou o gatilho. Uma duas vezes mas a arma não disparou. Pensou num rápido segundo: Preciso morrer, não vou suportar a isso. O que ele não sabia (E nem a policia) era que a arma não tinha mais munição. Então, ele mira para um policial, que alheio se arma estava ou não carregada, dispara um tiro certeiro na testa de Roberto. Ele sente o impacto como se fosse um alivio, uma remissão e um ponto final da sua tão louca historia.

Trazido por uma viatura, sob a escolta do Major Feitosa, e mais três soldados, Rogério chega até a casa do casal de amigos, e com muita tristeza contempla a cena, chora copiosamente e começa gritar: Alfredo, cadê Lauro? Chama o Sergio pra ele vir ajudar o Roberto, Pacheco corre aqui por favor, mãe, não deixe a Soraia ver essa cena, não deixa mãe por favor, não deixa. A Helena está morta e o Roberto também. Todos olham assustados vendo que Rogério está descontrolado. Ele chega próximo a Roberto, abraça o amigo e ali, não suportando a dor e a tristeza, o seu coração bate pela ultima vez. Rogério também vem a falecer.

Viera para se despedir, ou quem sabe, para dar um fim aquela trágica despedida de solteiro.

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 07/02/2019
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