Não faça uma tempestade em copo d'água
Li em um dos livros do Dr. Flávio Gikovate – já falecido psiquiatra, psicoterapeuta e escritor renomado – que era de seu costume dizer que a ignorância, apesar de geradora de enormes tensões e inseguranças, não deixa de ser em alguns casos, muito criativa. Isso porque, ainda segundo Gikovate, “tendemos a dar algum tipo de solução para os dilemas que nos são apresentados”.
Modéstia à parte, tirando as minhas, talvez, constrangedoras cantilenas, é exatamente assim como eu me enxergo, um ignorante criativo, que procura algumas explicações através do ato de escrever.
Obviamente, há quem ache que no meu caso, ignorância deveria ter algum limite, mesmo sendo ela propulsora de alguma engenhosidade. Pois, procurar, buscar entender, é uma coisa, agora, escrever despautérios iguais alguns que eu tenho escrito, aí já vai longe demais! Que, ciente da minha insipiência, eu deveria, no mínimo, me dar o direito ao silêncio.
Eis que na dúvida, mesmo acabrunhado com a repreensão, na maioria das vezes silenciosa, dos meus acidentais leitores, resolvi continuar com meus destampatórios pseudo-literários/investigativos.
Entretanto, não resta a menor dúvida que tal ignorância está em proporção desfavorável ao meu lado criativo. Ou seja, em palavras mais claras, sou imensamente mais ignorante do que detentor de valiosa criatividade. Algo que, confesso, gera em mim a exata insegurança, a qual se referia o Doutor Flávio Gikovate. Porém, em igual medida, faz com que eu arrisque toda sorte de hipóteses para dar algum sentido, ao menos a mim mesmo, para as razões e os motivos de ser, daquilo que me é ignorado e perturba, há!
Então... dessa forma... sendo assim...