Brumadinho, nossa triste realidade brasileira.
"Depois da tragédia de Brumadinho, pensei em muitas formas de publicizar o meu repúdio às negociatas pela liberação de licenças ambientais, ao desrespeito aos ecossistemas e às pessoas, ao capitalismo (selvagem não, urbano), e cá estou eu mudando de novo o hino ufanista dessa nação, com um canto de consternação, não de glória.
Ouviram em Brumadinho lamas flácidas
Rasgando a natureza exuberante.
E o Rio de água clara tão translúcido
Banhou-se de sujeira num instante.
Se empenhou a liberdade
Leiloaram nosso povo à própria sorte.
Por tamanha "ganacidade"
Mais pessoas foram levadas à morte!
Ó patriarcada
Escancarada
VALE! VALE!
Brasil, uma mina intensa de ouro vívido
Por grana e por poder é que padece.
Se o teu ecossistema, lindo e límpido
Por montas de Cruzeiro dele esqueces.
Gigante pela própria natureza
Teu território impávido colosso
Tu vendes para acumular riqueza
Terra outorgada.
Entre outras mil
O Pau Brasil
Não VALE nada!
As terras deste solo tu traiu
Patriarcada Senil!
Sentindo eternamente essa tragédia
Sobre o solo com um rastro tão profundo.
Fulguras como a mácula da América
Expondo tuas chagas para o mundo!
Do que a terra, mais agredida
Teus risonhos, lindos campos tinham flores.
Nossos bosques, tinham vida
Mas trocaram tudo isso por valores.
Ó patriarcada
Escancarada
VALE! VALE!
Brasil, de Mariana e Marielle
Que empurra tua sujeira para o lado.
Mas que depois dirá lá no futuro
Que isso foi uma mentira do passado.
Mas, se ergues da justiça a clava forte
Verás que a causa jamais VALE a luta.
Nem temes que aconteçam novas mortes
Terra explorada.
Ganhastes mil
E o Pau Brasil
Não VALE nada!
O ferro deste solo que extraiu
VALE nada Brasil!"
por Rafael Melo, o Poeta Jornalista