Retornar é Preciso II

Conforme prometido, eis o segundo capítulo do livro Retornar é Preciso

II Suíça

A Suíça é um país de pequena extensão territorial, com oito milhões de habitantes, economia sólida e padrão de vida humano elevado. 60% dos suíços falam alemão, 20% francês e o restante italiano. 30% de seu solo fértil e generoso estão contemplados com reservas florestais de significativa expressão econômica, enquanto 12% da água doce do Continente Europeu espraiam-se por 1500 lagos, o maior deles o Léman, com 48 km de extensão.

O país é considerado guardião do tempo, título outorgado pela excelência conquistada na fabricação de relógios de grande valor e de fama internacional.

A Suíça não tem exército. O cidadão é obrigado a apresentar-se em determinados períodos para reciclagem de conhecimentos militares, competindo-lhe guardar o fardamento em sua própria casa.

Genebra

Aterrissamos no aeroporto de Genebra sem muita demora. O tempo de voo a partir de Lisboa é relativamente curto, pelo que não nos causou nenhuma fadiga.

Genebra é a segunda cidade mais populosa da Suíça, cuja capital, Berna, ostenta população superior a 150 mil habitantes. O nome Berna significa “urso”. Lá, de 1903 a 1905, morou Albert Einstein. Nesse período, o insigne cientista escreveu a teoria da relatividade.

A cidade destaca-se no cenário diplomático por abrigar instituições como Nações Unidas, Cruz Vermelha, UNESCO, OMS e outros importantes organismos internacionais, além de sediar um número superior a 250 ONGs – Organizações não Governamentais. É denominada Cidade da Paz, por ter sido palco da assinatura de diversos tratados relativos à paz mundial.

Trata-se, ainda, de um dos mais importantes centros financeiros do mundo, superior a Tóquio, Frankfurt, Sydney e Nova York. É sede de grandes corporações internacionais como Caterpillar, Du Pont e muitos outros gigantes da elite empresarial.

Eis alguns dados históricos sobre Genebra: A cidade foi conquistada pelos romanos em 121 a.C., a quem chamavam de Genava. No ano 443, resultou dominada pela Borgonha e, em 534, pelos francos. A partir de 888, integrou o Reino da Borgonha. Em 1033, passou ao domínio do Império Alemão.

O bispo católico da diocese estabelecida em Genebra abandonou a cidade no ano de 1532, motivado pelo advento do protestantismo. Quatro anos mais tarde, o líder reformista João Calvino fixou residência em Genebra. Calvino nasceu no dia 10 de julho de 1509, em Noyon, França, e faleceu em Genebra, em 27 de maio de 1564.

A universidade local foi criada por João Calvino, em 1559. A escola internacional mais antiga do mundo encontra-se em Genebra. E mais: a cidade abriga a sede da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear, fundada em 1954. Esse organismo de reconhecido nível científico possui o maior laboratório do mundo em física de partículas, visitado por especialistas para realização de pesquisas nucleares.

A seguir, particularizarei as nossas andanças por Genebra, de onde trouxemos gratas recordações:

Em lá chegando, improvisamos passeio urbano em carros alugados para viagens a localidades da França, na região da Borgonha, das quais falarei oportunamente. Alugamos dois veículos, cada qual com capacidade para acomodar sete das dez pessoas de nosso grupo familiar.

De carro, percorremos ruas antigas e contemporâneas, reputando-as agradáveis sob o aspecto urbanístico. Decorrido algum tempo, estacionamos os veículos em garagem de certo edifício e saímos a pé palmilhando o centro da cidade, espiando as vitrinas das lojas de grife, entre as quais a de relógios da marca Rolex, nosso sonho de consumo, aspiração distante considerando a realidade econômico-financeira dos brasileiros de classe média.

Estivemos nas margens do Lac Léman, como é tratado na França e na Suíça; Lago Lemano, conforme o designam os portugueses; Lago Leman, assim conhecido pelos brasileiros; Lac de Genéve, nome pelo qual é conhecido em alguns países; e Lago da Nestlé, epíteto outorgado ao famoso rio em razão de a conceituada empresa situar-se em uma de suas margens.

Com extensão de 581 km², o Lago Leman percorre o território suíço à direita e o da França à esquerda. Sua profundidade maior é de 310 metros. Não fora o Lago Belaton, na Hungria, seria ele o maior da Europa Ocidental.

Em nossas caminhadas pela cidade, conhecemos o Jardim Inglês (Jardin Anglais), lindo parque que embevece o turista em momentos de descontração. Criado em 1854, recebeu o título de Jardim Inglês por se constituir em local preferido dos ingleses por ocasião de passeios e de participações nos esportes de inverno.

A vista circundante do jardim é maravilhosa. Belíssima, secundada pelo Monumento Nacional, pela Fonte das Quatro Estações e por um bonito coreto do século XIX. Complementa-se com a escultura do pintor François Diday, esculpida por Fredéric Dufaux. François Diday foi conceituado pintor de sua época, nascido em Genebra, em 1841, e falecido em 1877. O consagrado pintor recebeu diversas medalhas por suas habilidades artísticas.

O Relógio de Flores que contemplamos maravilhados lembrou-me semelhante seu, edificado em Viña del Mar, no Chile, para consignar a realização da Copa do Mundo de Futebol em seu território, da qual o Brasil sagrou-se bicampeão mundial. O relógio de flores de Genebra foi construído em 1955, para simbolizar a eficiente indústria relojoeira Suíça. A agulha dos segundos mede 2,5 metros, daí a imponência de sua figura.

Durante o passeio, fotografamos sem limites o que vimos a nossa frente, inclusive junto ao Monumento Nacional, constituído de duas figuras femininas, abraçadas, expressando a entrada da República de Genebra na Confederação Suíça, ocorrida em 12 de setembro de 1814.

Também perpetuamos a nossa presença na cidade deixando-nos fotografar junto à Fonte das Quatro Estações, obra de 1862, do escultor parisiense Alexis André. Permanecemos naquele agradável espaço turístico por algum tempo, sentados em bancos do Kiosque ou Coreto, onde abrandamos o calor à custa de deliciosos sorvetes.

Os netinhos Raphael e Isabelle, seus amiguinhos Éric e Bia, acompanhados das respectivas genitoras, realizaram passeio em roda gigante instalada nas imediações do Jardim Inglês, de onde contemplaram Genebra espraiada ao longo das vias urbanas.

Esses monumentais aparelhos de diversão, instalados em parques e logradouros públicos, concorrem com a London Eye, também conhecida como Millennium Wheel (Roda do Milênio), montada às margens do rio Tâmisa, em Londres e inaugurada em 1999.

Depois de algumas visitas, encerramos nossa rápida estada em Genebra, deixando-a as 17h do dia 29 de junho para empreendermos viagem à cidade de Saint Claude, situada nas montanhas do Parque Internacional de Jura, em território francês.

Nos próximos dias, você receberá outra parcela do livro.