ONDE QUERES MORAR?

Os tempos estão mudando e isto independe da crise econômica. As famílias estão menores, as empregadas muito caras, tanto quanto faxineiras e outros eventuais prestadores de serviço chamados para atender a domicílio. Sem falar nos impostos, no custo da luz, água, gás e do mobiliário em geral. As grandes cidades crescem e escasseiam os espaços. Ademais, os filhos crescem, casam, trabalham, espalham-se mundo afora e as grandes residências tornam-se verdadeiros elefantes brancos. Você pode ter recursos para bancar tudo isto, mas é impossível não perceber a inutilidade onerosa de tanto espaço, além da sensação de vida distante e solitária que o imóvel passa a impor. Sem falar dos prédios mais complicados, de infindáveis corredores e espaços mortos, cuja metragem quadrada passa a ser um logro, pelo mau planejamento das peças. O IPTU e a quota condominial não têm nada a ver com tal desajuste. Não é fácil morar adequadamente nos centros maiores, sem grandes custos, com conforto e segurança. Há três anos, colocamos à venda um excelente apartamento de família, perto de 180 metros quadrados, edifício mais antigo naturalmente, vista maravilhosa e permanente, preço acessível e procura baixa até hoje. E com garagem, praticamente no centro da cidade. É um pouco da crise econômica e outro relativo à nova modalidade de vida, de organização pessoal e familiar. Não há pressa e numa destas a venda sai, mas percebo nitidamente o impacto da modernidade cambiante. Se eu fosse rico, jamais compraria apartamento ou casa de quatrocentos ou quinhentos metros quadrados de área construída. Atualmente, nem de duzentos metros, aliás. Em Paris, por exemplo, onde o mínimo legal para a venda de apartamentos é de NOVE METROS QUADRADOS, estão vendendo para estudantes e imigrantes apartamentos de CINCO METROS QUADRADOS. Pode isto, Arnaldo? Se você levar em conta que prestadores de serviço custam uma fortuna e são escassos e que o apetite fiscal é insaciável, talvez, apenas talvez, dê para entender estas novidades de mercado. Tudo isto por um preço astronômico, relativamente. É a lei da oferta e da procura em vigor nas cidades mais procuradas do planeta. Corresponde aproximadamente a dois terços do que pedimos pelo apartamento belo e amplo de família, em prédio antigo, mas de qualidade. Onde queres morar?